Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o significado de dose de reforço e terceira dose, o que acaba dando margem para o surgimento de fake news nas redes sociais. Mas, segundo o Instituto Butantan, dose de reforço é bem diferente de terceira dose.
A terceira dose é quando uma pessoa toma três doses de um mesmo tipo de vacina. No reforço, a composição do imunizante contra a Covid-19 não deve ser a mesma, mas uma atualização feita a partir das novas variantes em circulação do SARS-CoV-2, como acontece todo ano com a vacina da gripe, atualizada com as novas mutações do vírus.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, já sinalizou que, até o momento, uma terceira dose está descartada no Brasil, mas que é preciso pensar em uma revacinação. “As pessoas acham que quem tomou as duas doses teria que tomar uma terceira dose para complementar a imunidade. Não é o que tratamos aqui. Estamos falando de uma revacinação”, comentou o presidente em coletiva de imprensa na última semana.
No Brasil, as variantes delta (B.1.617.2, indiana), gama (P.1, amazônica) e lambda (C.37, peruana) são observadas com atenção.
O esquema vacinal de duas doses da CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac contra a Covid-19, se mostrou efetivo durante o Projeto S, estudo realizado pelo Butantan no município paulista de Serrana para entender o impacto da vacinação no controle da pandemia. A cidade ficou protegida contra o SARS-CoV-2 com a imunização de 70% da população, que tomou as duas doses da vacina, não necessitando de uma terceira dose.
Segunda geração de vacinas
Ao que tudo indica, a Covid-19 se tornará endêmica, ou seja, fará parte do nosso calendário de vacinação. Uma pesquisa da coalizão Peoples Vaccine sugere que o mundo vai precisar de uma nova imunização dentro de um ano.
Mas a introdução de uma segunda geração de vacina, com as atualizações de novas cepas do vírus, e que promete uma durabilidade maior que as atuais vacinas, só deve acontecer depois que todas as pessoas forem imunizadas. O mundo todo vacinou, até o momento, entre 20% e 30% da população, número relativamente pequeno para começar a se pensar em uma revacinação.
A Organização Mundial da Saúde alerta para o risco das doses de reforço deixarem ainda mais desigual a distribuição de vacinas pelo mundo, sendo que a pandemia é global e, portanto, é uma tarefa coletiva de todas as nações, e não só das mais ricas.