O Projeto S, realizado por pesquisadores do Instituto Butantan em Serrana, município a 20 km de Ribeirão Preto, divulgou mais conclusões preliminares sobre a imunidade contra a covid-19 para quem foi vacinado com a Coronavac.
Seis meses após a administração da segunda dose da Coronavac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, as taxas de soroconversão contra o vírus SARS-CoV-2 em todas as faixas etárias se mantiveram acima de 99%. Além disso, a administração da dose de reforço da mesma vacina em idosos aumentou de duas a quatro vezes seus níveis de anticorpos.
Até agora, foram realizadas três coletas de sorologia nos participantes do Projeto S: a primeira, em julho de 2021, três meses após a vacinação; a segunda em outubro de 2021, seis meses após a vacinação; a terceira, em janeiro de 2022, nove meses após a vacinação. Uma última coleta será feita em abril de 2021, doze meses após a imunização.
As análises da segunda coleta se referem a um período em que os idosos já haviam começado a receber a dose de reforço pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ou por meio da parceria entre o Butantan e a Prefeitura de Serrana. Na cidade, a maior parte da população acima de 60 anos recebeu a Coronavac também na terceira dose.
“Foi possível observar um incremento grande nos níveis de anticorpos na população mais idosa da ordem de duas a quatro vezes quando comparados à etapa anterior, mostrando a capacidade da CoronaVac em promover um aumento importante na resposta imune com a terceira dose mesmo nas faixas etárias mais elevadas”, explica o médico Gustavo Volpe, diretor técnico do Hospital Estadual de Serrana e um dos coordenadores do Projeto S.
“Vale ressaltar também que na população que não havia recebido a terceira dose, entre 18 e 59 anos, não houve uma queda significativa nos níveis de anticorpos entre as coletas de três e seis meses, mostrando uma resposta imunológica sustentada para a vacinação com duas doses de CoronaVac”, completa o pesquisador.
Inicialmente, o Projeto S previa o acompanhamento da população de Serrana por mais um ano após a conclusão do esquema vacinal e se encerraria em fevereiro de 2022, mas a equipe pretende pedir a renovação e continuar as análises por mais um ano. Essa ação está relacionada à própria situação da pandemia, que vem exigindo adaptações nos esquemas vacinais e na administração das doses de reforço devido às novas variantes e à continuidade das altas taxas de transmissão do vírus SARS-CoV-2.
O objetivo da nova fase do Projeto S é continuar coletando informações sobre o comportamento da imunidade gerada pela vacina ao longo do tempo e, principalmente, saber como os títulos de anticorpos e a imunidade celular vão se comportar em relação à infecção e ao desenvolvimento de casos mais graves.