Após a Ásia e a Europa, o Brasil pode ter uma nova onda do novo coronavírus. Para o professor de medicina e diretor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rodrigo Stabeli, as singularidades de um país continental deixam em aberto as possibilidades de uma nova elevação do número de casos pressionar ou não o sistema de saúde.
A descoberta de uma nova sub-linhagem do coronavírus em Botsuana, país do continente africano colocou autoridades sanitárias de todo o globo em alerta. O temor é que como a primeira linhagem deu a volta ao mundo, a nova também se dissemine, ainda com maior rapidez.
Na Europa, apesar dos esforços na imunização, as cepas “antigas” continuam a circular. A flexibilização do cotidiano aumentou a disseminação do vírus e tem feito mais pressão sobre o sistema de saúde.
“Se a gente pode ter uma nova onda aqui no Brasil? Sim, podemos ter, por que o que acontece na Europa é um espelho do que tem acontecido ao longo da pandemia. Chega primeiro lá e depois vem para cá. É esse o comportamento da Covid. O que não podemos prever é o que vai acontecer em termos de pressão hospitalar”, afirma.
Para o especialista da Fiocruz, além de especificidades geográficas, como o tamanho do território e população, no Brasil pesam fatores como a desigualdade social, regional e conduta política no combate ao novo coronavírus.
“Adiciona aí uma pitada de preocupação que temos com o que observamos neste final de ano”, relata.
O que se tem de informação da nova variante é que ela tem poder de espalhamento maior e grande número de mutações em seu material genético. Stabeli crê que os primeiros indícios podem apontar que ela ainda esteja coberta pelas atuais vacinas disponíveis no mundo todo.
“O que temos até agora são informações de que ela se espalha muito rápido, mas ainda não temos informações sobre número de casos e óbitos, pois ela foi encontrada na África do Sul e em outros dois países com tímido espalhamento. Não encontramos ainda no Brasil, mas estamos investigando para”, comenta.