O governo de São Paulo divulgou, em conjunto com o Instituto Butantã, a eficácia da vacina Coronavac. Depois de ter cancelado o anúncio duas vezes, em dezembro do ano passado, agora foi confirmada eficácia de 78% em testes feitos no Brasil. Em casos graves, a vacina garantiu 100% de proteção contra mortes e internações nos voluntários que foram contaminados.
O Instituto Butantan enviou os dados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com pedido de registro e liberação de uso emergencial.
Apesar da notícia positiva, com um percentual alto de eficácia, alguns cientistas criticaram a falta de dados técnicos para a compreensão desses índices divulgados.
Segundo o infectologista e professor do curso de medicina da UFSCar, Bernardino Alves Souto, a divulgação teve um objetivo muito mais publicitário do que propriamente científico. “A divulgação feita ontem sobre a eficácia da Coronavac, ela foi muito mais uma propaganda midiática do que uma publicação científica. Na verdade, nós ainda não temos uma publicação científica sobre a conclusão dessa fase três da aplicação da vacina, de modo que nós ainda precisamos ter uma informação científica um mais consistente, mais clara, de preferência avaliada por pares, para que a gente tenha um conhecimento correto sobre qual é o potencial de eficiência dessa vacina.”
“É uma boa notícia, não tenha dúvidas disso, a vacina vai ser mais um elemento a ajudar no combate à pandemia”, complementou.
Em relação à imunização da população, o professor comenta que, neste primeiro momento, provavelmente a mortalidade vá cair. No entanto, as medidas de isolamento precisam continuar nos próximos meses. “Para que a vacina consiga de fato declinar a curva epidêmica da Covid-19, ela tem que ser aplicada numa proporção extremamente alta da população. Então nós vamos demorar um certo tempo ainda, talvez alguns meses ou até um ano, para gente conseguir fazer com que a imunização coletiva induzida pela vacina seja capaz de declinar a curva epidêmica.”
“Então provavelmente o que se espera é que nas fases iniciais de vacinação talvez reduza a mortalidade, e, numa segunda fase ou terceira fase, a gente possa ter então um controle adequado da pandemia. Isso significa que mesmo com a vacinação a gente precisa manter, de maneira bastante radical, todas medidas preventivas, como uso de máscara, distanciamento social e isolamento social”, complementou.
Lembrando que o plano estadual prevê o início da vacinação para o dia 25 de janeiro, dia do aniversário da cidade de São Paulo, e garante que a aplicação das doses será gratuita, dividida em cinco fases.
Os primeiros grupos vacinados serão os profissionais da saúde, pessoas com mais de 60 anos de idade e populações vulneráveis, como indígenas e quilombolas. Esses grupos reúnem cerca de 9 milhões de pessoas.