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CoronavírusCovid-19 é mais preocupante que a varíola dos macacos, aponta Butantan

Covid-19 é mais preocupante que a varíola dos macacos, aponta Butantan

Monkeypox é considerado mais brando e de menor potencial de transmissão e de gravidade do que o vírus SARS-CoV-2, segundo os cientistas

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Varíola de macaco
Varíola de macaco é preocupante, mas Covid-19 pode ser mais. Foto: Reprodução

A atual incidência de casos de varíola dos macacos em países onde o vírus não é endêmico, como em nações europeias e nos Estados Unidos, levantou um alerta de saúde pública mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas seu surto está longe de ser tão preocupante como o SARS-CoV-2 e suas variantes, segundo especialista do Instituto Butantan.

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De acordo com a gerente do laboratório piloto de vacinas virais do instituto, Neuza Frazatti Gallina, o vírus da monkeypox tem potencial de transmissão inter-humanos menor do que o vírus da Covid-19 e já possui um tratamento regulamentado, fatores essenciais para a contenção.

“São vírus completamente diferentes. O SARS-CoV-2 é vírus respiratório, que se espalha pelo ar muito mais rapidamente, enquanto o monkeypox tem uma propagação por contato com a pele, com roupas de cama e gotículas, que se combate bloqueando os focos”, explica.

Já a transmissão, sintomatologia e disseminação da Covid-19 e de suas variantes ainda são objeto de estudo da comunidade científica e das autoridades de saúde, apesar dos avanços alcançados nos últimos dois anos. Por isso, os impactos de ambos os vírus na humanidade têm pesos diferentes e não podem ser comparados, de acordo com a diretora do laboratório de virologia do Instituto Butantan, Viviane Botosso.

“Até o primeiro surto de SARS, os coronavírus não eram conhecidos como agentes causadores de doenças graves em humanos. Relatos da época relacionavam o vírus apenas a resfriados comuns, portanto, acreditava-se que atingia principalmente as vias superiores. Posteriormente, verificou-se que ele também poderia ocasionar doenças graves em humanos. Já o monkeypox é conhecido há mais de 50 anos, o que facilita a adoção de medidas sanitárias de formas mais rápidas”, afirma.

Outro ponto que impede a comparação é o potencial de gravidade de ambos os vírus em humanos. À exceção de populações de risco, como crianças e imunocomprometidos, o monkeypox tende a ser uma doença autolimitada que se resolve dentro do período de duas a quatro semanas. Por outro lado, durante a pandemia de Covid-19, verificou-se elevado número de casos graves em diversas faixas etárias, com alta taxa de hospitalização, incluindo em UTIs, explica a virologista.

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“Por ora é um alerta, nada comparado ao SARS-CoV-2 que já foi divulgado como um problema de saúde sério. Agora as pessoas sabem os sintomas da monkeypox e podem procurar um médico. No começo da pandemia de Covid-19 não sabíamos nada disso e consequentemente as respostas demoraram mais a ser obtidas”, afirma Viviane. 

Confirmação ocorre por meio de sequenciamento genético - Foto: NIAID
Confirmação ocorre por meio de sequenciamento genético – Foto: NIAID

Mortalidade
Mais um fator que impede a comparação é que a varíola dos macacos é considerada uma doença branda, que dificilmente leva à morte, embora possa ser grave em alguns casos, segundo a OMS.

As duas linhagens existentes do vírus da varíola dos macacos, o da África Ocidental, correspondente a todos os casos deste novo surto, tem uma taxa de mortalidade de 3,6%, enquanto o do vírus da Bacia do Congo, mais letal, é de 10%, esclarece o órgão de saúde mundial.

“A varíola dos macacos é uma doença autolimitante, que tende a se curar sozinha, embora casos graves possam ocorrem em pessoas mais suscetíveis como imunossuprimidos, grávidas e crianças”, explica Viviane.

Já a Covid-19 totaliza mais de 6 milhões de mortes diretas e 15 milhões de mortes associadas direta ou indiretamente (devido ao impacto da pandemia nos sistemas de saúde e na sociedade) ao vírus no mundo, segundo a OMS, que classifica essa situação como “excesso de mortalidade”.

Por isso, a medida mais importante neste momento é bloquear a transmissão de ambos os vírus, “o que nós aprendemos com o próprio SARS-CoV-2”, conclui a virologista.

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