Mais um ano que chega, e após quase dois anos, a expectativa de se livrar da pandemia de Covid-19 continua forte. Para o epidemiologista Bernardino Alves Souto, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o controle da situação vai depender principalmente do comportamento das pessoas e das autoridades.
Vinte e dois meses, mais de 660 dias, aproximadamente 16 mil horas. A epidemia trouxe centenas de mudanças na vida do brasileiro, que vive contando os dias para que o pesadelo acabe. Mas para o epidemiologista, isso depende muito mais das atitudes da população.
“As pessoas que não usarem máscaras de modo correto, as que não fizerem distanciamento físico e as que se aglomerarem serão as que mais vão adquirir e transmitir o vírus. Serão as pessoas que mais vão dificultar o controle da pandemia, os não vacinados serão os que mais precisarão de hospitais e provavelmente serão maioria entre os mortos”, disse.
Bernardino ressalta que o papel das autoridades também é importante, e que se decidirem fazer testagem diagnóstica em massa e garantir o efetivo isolamento de infectados e contactantes, a epidemia pode ser um problema menor.
Nova onda e preocupações
De acordo com Bernardino, o país vive em uma nova onda epidêmica que só não foi considerada por causa de níveis baixos de testagem diagnóstica e falta de registro de dados sobre Covid-19.
“A nova onda epidêmica já começou e só não está sendo vista de modo claro no Brasil porque o país praticamente abandonou a vigilância epidemiológica da Covid-19 neste mês de dezembro. Sem um levantamento adequado de dados, é impossível conhecer a verdadeira situação epidemiológica para tomar as medidas corretas de combate à pandemia”, ressaltou.
A expectativa para o Brasil neste primeiro semestre, segundo o epidemiologista, é de uma nova onda epidêmica que poderá ser inclusive uma onda alta, mas também com a doença em uma forma menos mortal. “O problema é que se muita gente adoecer conforme previsto, poderá acontecer outra vez sobrecarga nos sistemas de saúde e o número absoluto de novas mortes diárias poderá subir, ainda que em menor proporção comparado com as ondas anteriores”, disse.
Para ele, se o Brasil quiser tornar a pandemia um problema menor, é necessário que a população continua seguindo rigorosamente os protocolos sanitários, incluindo distanciamento social, vacinação contra Covid-19 e resguardo das aglomerações.
“Também é necessário que haja testagem em massa da população e garantia de efetivo isolamento de infectados e quarentena de contactantes. Se não tivermos esses cuidados, pode ser que a epidemia continue como um problema sério em 2022”, finalizou.