BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-chanceler Ernesto Araújo confirmou a iniciativa do Ministério das Relações Exteriores de buscar o fornecimento de cloroquina ao Brasil no ano passado, como revelou a Folha de S.Paulo, e afirmou que o fez após pedido do Ministério da Saúde.
“Em março, havia expectativa de que houvesse eficácia no uso da cloroquina para tratamento da Covid, não só no Brasil, mas no mundo. Isso baixou precipitadamente o estoque de cloroquina e fomos informados sobre isso pelo Ministério da Saúde. A pedido do MS buscamos facilitar a importação de insumos para a produção de cloroquina”, afirmou em depoimento à CPI nesta terça (18).
Como mostrou a Folha, o Itamaraty enviou telegramas a Índia a partir de março para tentar garantir a importação do medicamento e insumos. E, embora Ernesto tenha citado o mesmo de março, o Itamaraty continuou acionando o corpo diplomático, em telegramas em junho, para garantir o fornecimento de hidroxicloroquina, mesmo depois de sociedades médicas já terem desaconselhado o uso apontando efeitos colaterais graves.
O ex-chanceler alegou que precisava garantir o estoque no Brasil para outras doenças. “A Índia, como havia procura mundial, havia bloqueado exportações. Lembrando que a hidroxicloroquina é um remédio usado para doenças crônicas e outras no Brasil e é importante que tenha seu estoque preservado no sistema de saúde e esse estoque havia baixado”, justificou Ernesto nesta terça.
“Isso independe dos testes que pudessem ser realizados com a hidroxicloroquina para o tratamento da Covid. Ministério da Saúde foi quem nos pediu que buscasse viabilizar essa importação”, reforçou Ernesto.