Ser mãe é carregar no corpo o dom da vida, e no coração um amor que não conhece limites. É chamar para si a maior e mais divina responsabilidade. Mas como realizar esse oficio em plena pandemia, especialmente se a pessoa trabalha na linha de frente da Covid-19?
Para a professora de enfermagem Samira Candalaft Deguirmendjian, nesse momento o principal desafio é lidar com o medo. “Ser mãe é maravilhoso e a gente tem que lidar com o medo o tempo todo. Eu tenho dois filhos e fico com medo de eles adquirirem a doença. O medo de levar para casa a doença. Então nós trabalhamos o tempo todo com medo”.
Assim como a professora, a técnica de enfermagem Carolina Dovigo, que é mãe de duas meninas, também dribla o mesmo sentimento. “A gente tem que lidar com o medo. Voltar para casa e saber que tem as pequenininhas lá, tenho minha mãe também, então é bem complicado”.
A situação não é diferente para a auxiliar de enfermagem Elisangela Regina dos Santos. “Eu acho que toda mãe se preocupa muito com o contágio dos seus filhos. Nós estarmos aqui vacinando a população é muito gratificante. A gente vê que cada dia mais as idades vêm diminuindo e que está chegando a hora do nosso marido e dos filhos, em breve, se Deus quiser.
Segundo Sabrina Mazo Daffonseca, professora do Departamento de Psicologia da UFSCar, ser mãe é gratificante e desafiador para muitas mulheres. A especialista explicou as mudanças impostas pela pandemia. “Nesse contexto de pandemia, permeado pelas incertezas, mudanças nas rotinas e nas relações entre as pessoas, as mães se depararam com a necessidade de proteger e assumir demandas e tarefas que antes eram realizadas por outras pessoas em outros espaços”.
“Devido às atribuições e atividades dos membros familiares, essas pessoas passavam grande parte do tempo separadas e, de repente, começaram a ter que conviver e foram obrigados a se conhecerem de uma maneira que não se conheciam antes. E isso contribuiu para o fortalecimento dos laços, da cumplicidade, da intimidade entre a família”.
Segundo a especialista, a maternidade traz muitos desafios e é necessário e importante que as mães busquem apoio dos amigos, das famílias, de pessoas próximas, de profissionais para garantir um ambiente prazeroso e de muito carinho para que as crianças se sintam acolhidas e amadas como são. “Tornar-se mãe é um processo que gera muitas mudanças na vida das mulheres, nas relações que elas têm com os amigos, com o trabalho, com as atividades que ela realizava anteriormente, nas relações familiares, na relação com o parceiro ou parceira”.
“E a experiência de cuidar de uma outra pessoa, de se dedicar a esse cuidado, acaba contribuindo para a formação de um sentido da vida, um sentimento de auto realização”, complementou a professora da UFSCar.