São Carlos (SP) atingiu na semana finalizada na quarta-feira (17) a maior média diária de exames RT-PCR em 2021. Com 216 testes realizados ao dia, houve aumento de 53% na comparação com a média da semana finalizada em 10 de março (141). Para epidemiologista, a situação pede lockdown.
Os dados são da Prefeitura de São Carlos, que disponibiliza, diariamente, em boletim, informações sobre a realização de exames e a procura no sistema de saúde pública local. Os números são relativos aos atendimentos feitos diretamente pelo município, como as 12 unidades básicas de saúde (UBS), 23 equipes das unidades de saúde da família (USF), e Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
Na comparação de números absolutos totalizados na semana entre 11 e 17 de março, o total de exames feitos chegou a 1.514. Já na semana anterior, entre 4 e 10 de março, ficou em 988. No pico anterior, na semana finalizada em 27 de janeiro, o total chegou a 1.357 testes.
O avanço nos números de testagens diárias reflete a maior procura por atendimento nas unidades de saúde de São Carlos. Nos sete dias finalizado na quarta-feira, os serviços de saúde registraram aumento de 35,9% na comparação com a semana anterior. O total de notificações passou de 1.540 para 2.091.
A média diária de atendimento dos dois períodos mensura o volume de atendimentos realizados nas unidades de saúde municipais. A média até quarta-feira ficou em 299, contra 220 na semana anterior. O pico foi registrado nos sete dias finalizados em 3 de março, quando a média bateu 498 notificações/dia.
Para o médico epidemiologista e professor da UFSCar Bernardino Alves Souto, os números mostram que a situação epidemiológica na cidade está piorando. “Nós temos visto um aumento expressivo do número de novos casos e novas mortes diárias, exigindo endurecimento das medidas de contenção da pandemia”, comenta.
Em meio aos números expressivos de atendimentos realizados nos últimos dias, o total de pacientes com diagnóstico de Covid-19 também aumentou. Em março foram 2.230 novos casos registrados e 34 mortes. Parte dos novos casos, devido ao agravamento da infecção, demanda mais leitos de hospitalização e até internação em terapia intensiva, aumentando o estresse da rede hospitalar.
Em meio as altas nos diagnósticos, procura por atendimento clínico e de demanda hospitalar, os leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) têm ficado escassos em São Carlos e em toda a região abrangida pelo Departamento Regional de Saúde de Araraquara (DRS-3). Em boletim epidemiológico divulgado na quinta-feira (18), todos os leitos de UTI adulta do Sistema Único de Saúde (SUS) no município estavam ocupados. E não há previsão de abertura de novos leitos.
Nesta sexta-feira (19), a Santa Casa emitiu nota à imprensa informando haver redução nos estoques de anestésicos e suspendeu todas as cirurgias eletivas. Um dos fármacos está com estoque “zero” e outros dois têm previsão de findar dentro de dez dias. A alta procura no mercado inflacionou os preços. Os hospitais quando encontram pagam ainda mais caro.
“Não podemos ficar só seguindo o Plano São Paulo, nós precisamos fazer algo mais arrojado do que isso”. “Já passou da hora de inclusive de fazer um lockdown semelhante ao que Araraquara fez com todas as outras medidas (de controle), uma vez que lockdown sozinho não ajuda, porque a situação está ficando cada dia mais grave, e ainda não temos perspectivas de melhora disso”, analisa o especialista.