Vantagens evolutivas da cepa P.1, predominante na região de São Carlos fez com que a variante se tornasse predominante entre os casos de Covid-19. Nesta terça-feira (27) foi revelado que a mais de 70% dos casos reportados de Covid-19 no Departamento Regional de Saúde (DRS-3) são da linhagem “amazônica” do Sars-CoV-2.
A predominância dessa variante, “descendente” do B.1.1.28, lança preocupações entre os especialistas em epidemiologia. Uma delas é sobre a letalidade e a alta transmissibilidade. A outra envolve o avanço do Outono e a chegada do Inverno, estações de temperaturas mais amenas e noites frias.
Segundo o epidemiologista Bernardino Alves Souto, professor de medicina da UFSCar, a tendência é que o P.1 se torne cada vez mais prevalente, dadas as “vantagens” que tem sobre as outras variantes com transmissibilidade menor.
“A mutação que configurou essa cepa P.1 atribuiu ao vírus uma maior capacidade adaptativa e de transmissão. Então quando ele adquiriu essa capacidade, ultrapassou os outros vírus na corrida pela sobrevivência e pela transmissão”, explica.
A mutação do vírus pode ter tornado o Sars-CoV-2 ainda mais infeccioso, o que pode dar ainda mais vantagens nas estações frias, segundo o professor de Fisiopatologia da Unesp e autor do estudo genômico Vitor Valenti, o comportamento humano pode facilitar a disseminação do vírus.
“Ficamos em lugares fechados e nos aglomeramos para evitar o frio, e esses fatores servem de alerta para que nós não pensemos que agora é hora de relaxarmos com as medidas preventivas. Precisamos ter ainda paciência e acelerar o mais rápido possível a vacinação contra a Covid-19”, explica.
As medidas de proteção continuam necessárias. Valenti pede que a população evite aglomerações em festas, churrascos, continue usando máscara e proteja os olhos, que têm sido relatados como uma fonte importante de transmissão”.