As Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de São Carlos (SP) estão começando a ter falta de anestésicos para intubação, segundo o secretário de Saúde, Marcos Palermo. O relato do gestor da espinha dorsal do enfrentamento à pandemia acontece em meio ao agravamento e alta nas contaminações.
Medicamentos como mitazolan, fentanil e rocurônio, usados durante a intubação de pacientes, estão em falta. O rocurônio, por exemplo, está em falta no mercado e a Secretaria de Saúde encontra dificuldades na aquisição para as UPAs.
“Nós temos que empresar dos hospitais, tivemos que comprar (os medicamentos), mas o rocurônio não conseguimos encontrar em lugar nenhum”, relata.
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De acordo com Palermo, a secretaria está correndo para manter as pessoas nos leitos intubados enquanto aguardam a referência hospitalar. Nas últimas semanas, a Santa Casa anunciou falta de medicamentos e fechou leitos de terapia intensiva para reduzir o consumo de fármacos usados na intubação. O prometido apoio estadual e federal está “vindo a conta-gotas” nas palavras de Palermo.
“Mesmo os hospitais estão com dificuldades, temos o Hospital Universitário e a Santa Casa com dificuldades (na compra) de medicamentos sedativos necessários para manter esses pacientes graves”, comenta.
Além da falta de medicamentos, o sistema de saúde de São Carlos tem sofrido com a inflação gerada pela alta demanda por insumos, segundo o titular da pasta.
“Tem a questão do superfaturamento (sic) de materiais de insumo, como as luvas. Para que se tenha uma noção, nós pagávamos R$ 0,30 e já está em R$ 0,95. O consumo é muito alto, não só para a rede pública como os hospitais. Temos a questão dos oportunistas na oferta e na procura”, critica.
O secretário ainda desaprovou a falta de planejamento do governo federal. “Então na verdade não houve um Plano Nacional de Combate à Covid. Não cuidados nem da saúde, nem da economia. Vemos pessoas passando fome, tendo desemprego”.
Nas questões “domésticas” da própria secretaria, como a contratação de profissionais para a linha de frente, Palermo, então, relacionou a dificuldade na obtenção de mão-de-obra a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público que estabeleceu teto salarial para plantonistas.
“São Carlos tem um TAC feito com o Ministério Público, se não me engano, estabeleceu o teto para plantonistas em R$ 1.200. Aí vemos algumas cidades pagando R$ 2.000. Então isso é um atrativo para os profissionais, os médicos vão para as cidades que estão pagando mais. Essa é a nossa dificuldade”, opina.
Sobre processos seletivos para a contratação de profissionais, Palermo disse que “tem médico que se inscreve, mas na hora de fechar (a contratação), acabam desistindo. Então é uma dificuldade que estamos tendo, a própria Santa Casa também tem dificuldade, principalmente médicos especialistas”.