A Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos (SP) registrou no último sábado (17) boletim de ocorrência sobre a falta de anestésicos para intubação de pacientes. A ideia do município é representar judicialmente contra órgãos responsáveis pela distribuição dos fármacos na rede pública de saúde. Neste final de semana o município precisou emprestar de Descalvado medicamento para manter os pacientes intubados.
“Baseado nisso, no boletim de ocorrência, nós vamos levar para a Procuradoria-Geral do Município e vamos cuidar dessa questão e representar para que não ocorra novamente”, afirma o secretário Marcos Palermo em entrevista à CBN São Carlos.
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De acordo com o titular da pasta, a representação “a quem compete” visa a preservação da vida e o direito do cidadão. Ele classificou a situação vivida pela saúde brasileira como sendo “um absurdo”.
“Não temos vacinas, não temos leitos e agora não tem medicamento para pelo menos manter, dar chances de vida a essas pessoas graves por conta da contaminação do Sars-CoV-2 e também os pacientes normais, como os de parada cardiorrespiratória, AVC (acidente vascular cerebral)”, explica.
O “kit intubação” é fundamental para a manutenção de pacientes que precisam de suporte respiratório. São fármacos anestésicos, hipnóticos e bloqueadores neuromusculares que usados conjuntamente para reduzir a dor do procedimento invasivo, manter o paciente sedado, sem algum tipo de resposta motora. Em São Carlos, a Santa Casa chegou a fechar leitos de UTI por conta da falta dos fármacos.
“É de conhecimento de todos que o Brasil passa por essa dificuldade pelo aumento do número de casos principalmente aumento de pessoas internadas em leitos de UTI, principalmente o tempo que elas ficam lá. O consumo desses medicamentos é três vezes mais do que um paciente normal com parada cardiorrespiratória”, relata.
Para manter os pacientes de São Carlos, a Secretaria de Saúde local recorreu ao município de Descalvado. Foram trazidas 150 ampolas de Midazolam, medicamento usado na intubação.
“E ontem recebemos medicações do governo estadual, que nos dá para suportar até 15 dias para frente. Estamos na luta para conseguir mais medicamentos, maior suporte para as pessoas que estão internadas”, comenta.
O secretário afirma ainda que busca credenciamento junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) para incluir as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para recebimento de medicamentos do “kit intubação”.
“Enviamos ofício online na sexta-feira e providenciamos o credenciamento. Provavelmente as UPAs entrarão na grade de recebimento desses medicamentos”, diz.
