O relaxamento das restrições e o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados podem ocasionar uma nova onda de infecções por Covid-19, mesmo com alta taxa de vacinação da população. Cenário que inclui a variante ômicron mostra aumento de 80% no risco de contágio.
Estas são as conclusões de um estudo conduzido no Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (Cemeai), da USP São Carlos, que elaborou diferentes modelos matemáticos para mensurar os impactos de cada mudança nas regras na disseminação da doença.
Os pesquisadores apontam que o bom uso da máscara aliado à uma alta taxa de vacinação da população e busca ativa de casos têm uma boa resposta na contenção da doença.
A modelagem matemática utilizou como exemplo os ambientes escolares. Os resultados foram alarmantes: mesmo com 60% da população vacinada, a ausência de máscaras pode levar a infecção de 40% da população em uma onda de contaminação. Agora com o bom uso do equipamento de proteção, o percentual cai à metade. Levando em consideração a variante ômicron, cuja disseminação é mais rápida, a incidência de casos pode chegar a 80% em um cenário de abandono total dos protocolos em sala de aula.
“Neste contexto então você percebe que máscara é muito importante, muito mais do que em ambiente aberto. Tem o conceito de que em lugares abertos o risco é baixo e em fechados é alto, até porque você pode estar do outro lado da sala, por exemplo, a mais de 2 metros de distância, uma pessoa com Covid joga a partícula do vírus no ar e essa cepa fica suspensa circulando”, afirma o professor do ICMC/USP e pesquisador do Cemeai, Tiago Pereira.
A modelagem matemática dos pesquisadores do Cemeai foi concebida a partir dos dados da cidade alagoana de Maragogi, localidade monitorada por pesquisadores da USP e de outras cinco instituições.
“Esse modelo matemático se tornou relevante no contexto de ambientes com baixa circulação do ar, que é o que acontecia nas escolas daquela cidade. E é o que acontece aqui na USP, por exemplo. Se você pensar nas cidades, nas escolas que temos, elas privilegiam o conforto térmico, então são salas com baixa circulação e ar condicionado”, afirma.
Para o professor, a situação das escolas pode ser utilizada para a reflexão da liberação total de máscara em outras atividades em ambientes fechados, como escritórios.