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CoronavírusTaxa de subnotificação em São Carlos pode chegar a 90%, afirma médico

Taxa de subnotificação em São Carlos pode chegar a 90%, afirma médico

Epidemiologista calcula que subnotificação fica entre 50% e 90% na cidade; São Carlos deveria fazer 7,7 vezes mais testes para ter panorama mais realista

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Coletas de exame de PCR, que são utilizados para identificar a presença do vírus (Foto: Denny Cesare/Código19)

São Carlos (SP) pode ter, para cada caso notificado pela Vigilância Epidemiológica, outros nove sem notificações. A estimativa é do professor de medicina da UFSCar e epidemiologista Bernardino Alves Souto.

Em análise epidemiológica mensal, a estimativa de subnotificação fica entre 50%, na “melhor” hipótese, a 90% na cidade. O dado significa que os números real e oficial tendem a ficar cada vez mais distantes à medida em que o tempo passa, inclusive dando às autoridades sanitárias um panorama da pandemia totalmente fora da realidade.

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A hipótese de subnotificação foi levantada pelo epidemiologista em análise no total de casos reportados pela Vigilância Epidemiológica. Em um cruzamento dos dados ofertados pela Prefeitura, o pesquisador consegue estimar a subnotificação na cidade.

Segundo Souto, o número de casos não contabilizados pode ser devido a diversos fatores: vão desde pacientes que estão com Covid e não têm sintomas mas ainda passam a doença, diz pesquisadores até casos de pacientes com sintomas, mas não procuram atendimento médico.

“A literatura chega a apontar que, no Brasil, a subnotificação chega a 90% ou até mais do que isso em outros lugares, ou seja, quando diz que há um caso, na verdade há dez”, relata em entrevista.

O problema da subnotificação não é uma exclusividade de São Carlos, pondera o professor de medicina. O “antídoto” para isso é mais testagem. Na estimativa do professor, São Carlos deveria ter feito 1.712 testes diários ao invés dos 222 realizados por dia nas duas últimas semanas. Ou seja, 7,7 vezes mais exames.

“Isso (a subnotificação) prejudica o controle da epidemia, porque acabamos enxergando ela muito menor do que realmente é. Acabamos vendo somente a ponta do iceberg”. “Uma das maneiras para tentar melhorar isso é aumentar a testagem diagnóstica, de maneira a não perder casos positivos que estão por aí e não ficamos sabendo”, explica em entrevista.

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Em sua avaliação, o professor pondera que o município não pode contar somente com medidas de isolamento social para conter a disseminação do novo coronavírus. Souto afirma que a falta de controle tem “aumentado progressivamente a incidência diária da Covid-19” e isso somado à dependência exclusiva do distanciamento social exige mais altas taxas de adesão. “Esta contingência chega ao ponto de não haver alternativa que não seja um lockdown”.

“O próprio lockdown como medida única se torna ineficiente porque apenas mitigará a epidemia em um momento subsequente e por prazo correspondente à sua duração.”, afirma no estudo.

O professor sugere, em seu estudo mensal, “aplicação articulada, integrada, regionalizada e simultânea de várias ações”, entre elas testagem diagnóstica universal, ampliada e em massa, rastreamento e quarentena de contactantes, isolamento precoce de infectados, bloqueio sanitário, suporte social e econômico dos prejudicados pelas medidas de contenção da pandemia e aceleração da vacinação, entre outras medidas.

Souto ainda elencou os riscos relacionados à manutenção do atual modelo de combate à pandemia aplicado na cidade. Além da sobrecarga que a falta de controle impõe sobre o sistema de saúde, e o crescente número de mortos, aumentará a quantidade de portadores de complicações de médio e longo prazo. Na ponta, o descontrole epidêmico pode contribuir para a mutação do vírus, alimentando o ciclo vicioso.

“De todo modo, independente do que se fizer, haverá um momento em que a epidemia se arrefecerá. Porém, deixa-la correr naturalmente vai demandar muito tempo e poderá resultar em perdas humanas, sociais e econômicas indesejáveis. Não obstante, isso pode ser evitado ou minimizado por intervenções adequadas”, escreve.

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