O Instituto Adolfo Lutz divulgou, no domingo (1º), monitoramento das linhagens do novo coronavírus e a P.1, variante brasileira conhecida pelo aumento de casos em Manaus, é a predominante, com 3 dentre 4 casos na região de São Carlos e Araraquara.
Com 73,7% dos casos analisados, a cepa é a mais presente nas amostras avaliadas pelo órgão. Outra variante, a P.4, descoberta no interior paulista, está presente em 16,6% das análises.
Outras cepas têm circulação menor, como a P.1.7 (5,69%), B.1.1.7 (1,75%), P.1.1 (1,09%), P.1.2 (0,88%), P.2 (0,22%).
De acordo com o epidemiologista Bernardino Alves Souto, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a circulação de diversas cepas é uma má notícia e mostra que algo não vai bem na pandemia na região.
“Isso não é um bom sinal, porque quanto maior o número de variantes circulando é um indicador de que a transmissão está muito alta, oportunizando a circulação de muitas variantes”, afirma.
Dentro dessa perspectiva, a alta circulação do Sars-CoV-2 potencializa o desenvolvimento de outras mutações que poderão trazer problemas ainda mais sérios, na avaliação do professor.
A variante predominante, a P.1, também conhecida como gama, domina as estatísticas por “vantagens” evolutivas, entre elas, a maior transmissibilidade.
Outra variante de preocupação, a delta, tem maior transmissibilidade ainda, o que traz maior preocupação para os pesquisadores, dentre eles Souto. “Há grande probabilidade de a delta se tornar dominante em pouco tempo”.
Para o professor, para garantir que a maior transmissão da delta não eleve a pressão no sistema hospitalar, são necessárias medidas preventivas, restrições e avanço maior da população. ”
“A vacina não evita transmitir a doença, pegar o vírus, transmitir o vírus, mas uma cobertura vacinal alta ainda evita muitas mortes pela delta. Uma cobertura baixa permite também que a variante delta provoque muitas mortes” avalia.
Para o professor, uma cobertura de 50% da imunização, em duas doses, é um mínimo para que o “o número de casos suba, mas o de mortes nem tanto”.
“Por enquanto, a nossa cobertura vacinal está baixa para poder suportar a variante delta. Isso é uma coisa preocupante. Temos que tomar muitas medidas de segurança quanto a isso para chegar no mês de outubro não tenhamos uma situação muito difícil novamente com a Covid”, relata.