Um filho de 11 anos, um aborto no início da segunda gestação, e após oito meses, um resultado positivo. Após tanto sofrimento e o sonho de ter mais um filho, a são-carlense Karen Alline, de 35 anos, vai comemorar o Dia das Mães neste domingo (8) carregando seu terceiro filho no ventre: “Uma dádiva, lição para me fortalecer”, define.
A primeira gravidez, aos 23 anos, foi um misto de emoções. Karen, que tem ovário policístico, precisou fazer tratamento para conseguir engravidar e esperou por muito tempo até a chegada do Bryan. Naquele momento, ela achou que não poderia sentir alegria maior.
Depois de anos, floresceu nela o desejo de ter mais um filho fruto de seu amor, e foi então que começou novamente o tratamento para engravidar, até que conseguiu, mas a gestação durou pouco menos de 10 semanas, e em meio a sangramento e dores, ela descobriu que o coração de seu bebê arco-íris – como costumava chamar – já não batia.
“Meu aniversário foi no dia 8 de agosto. Eu acordei com um pequeno sangramento e fui na maternidade, fizeram toque e estava tudo em ordem. Passou no domingo, cantamos parabéns para mim e quando foi na quarta-feira, ao invés de o sangramento parar, ele aumentou, e eu achei estranho porque a médica disse que ia parar. Ficou uns dois dias assim, voltei na maternidade e disseram que estava tudo em ordem de novo. Fiz uma ultrassom e foi aonde eu vi que meu bebezinho estava lá, mas tinha parado de se desenvolver”, comentou.
Naquele momento, o vazio já transparecia e a sensação de que aquele espaço nunca seria preenchido predominava. Mesmo sem questionar a vontade de Deus, Karen sofreu muitos dias com a perda do seu segundo filho.
“Passei alguns dias em casa, com muita cólica e contração e o útero não abria, ai precisei fazer curetagem. Era um sentimento de vazio, uma dor que não dá para explicar, saber que seu filho tinha um coraçãozinho que batia. As pessoas falavam que eu era nova e arrumava outro, mas ninguém entendia a dor de perder alguém que você tanto queria. Ele vai ser sempre meu anjinho”, desabafou a jovem.
Após oito meses, ela recebeu o resultado positivo para a gravidez do terceiro filho, e o medo continuou, mas perdeu força diante da felicidade e gratidão que sentia. Naquele momento ela teve certeza de algo muito importante: Deus sabe todas as coisas.
“Eu tenho fé e pensava: minha hora chegou, tudo acontece no tempo Dele. Estou aqui, com medo e receio, mas muito feliz que Deus controlou tudo. Acho que a gestação é que está me preparando a cada dia. A cada ultrassom que faço, ver que está tudo bem e que meu neném está se desenvolvendo é gratificante. Agora só peço que Deus nos abençoe”, celebrou.
Sentimento inexplicável
Karen vê a sua segunda gestação como algo que a fortaleceu ainda mais, já que ela descobriu a terceira gravidez justamente no mês em que era para seu segundo filho ter nascido.
“Acredito que tudo que passei, tudo que sofri, me serviu como um aprendizado, uma lição de vida. Sou mãe de anjo sim, jamais vou esquecer meu bebê e sempre que falo no assunto me dói, mas poder celebrar o Dia das Mães com meu bebê no ventre é uma bênção”, comentou.
Para ela, não há palavras que descrevam o amor de uma mãe e a dádiva de poder cuidar de alguém tão indefeso, mas que vem para ensinar a todos o verdadeiro significado de responsabilidade, família e amor incondicional.
“Não importa se é de sangue, se é adotado, se é de coração. Ser mãe é amar seu filho de todas as formas, é cuidar, proteger, dar a vida se preciso for. É maravilhoso ver meu filho Bryan todo contente, escolhendo nomes e cuidando tanto de mim. Uma frase que ouvi quando perdi meu bebê e nunca me esqueci foi: a glória da segunda casa será maior que a primeira. Essas palavras me confortam até hoje, e agora eu creio que meu tempo chegou”, finalizou.