O médico Luciano Barboza Sampaio foi inocentado pelo Tribunal do Júri da acusação de morte do menino Noah Palermo. Ele respondia por homicídio qualificado. O resultado foi apertado com quatro votos pela absolvição e três pela condenação.
Após 10 anos do caso, o julgamento ocorreu nesta segunda-feira (3), no Fórum Criminal, e durou cerca de 14 horas. Ele terminou por volta de 23h50.
O promotor de acusação, Mário José Correa de Paula, avalia se vai recorrer da decisão. Ele usou como tese principal o fato do profissional assumir o risco da morte da criança e ir viajar para ver um jogo de futebol em São Paulo enquanto estava de plantão remoto na Santa Casa de São Carlos.
O médico, familiares e a defesa comemoraram a decisão. O advogado de defesa, Eduardo Burihan disse que se baseou nos dados constantes do processo. Luciano Barboza Sampaio havia sido absolvido sumariamente pelo juiz Eduardo Cebrian Araújo Reis, da 2ª Vara Criminal de São Carlos em 2018. A 8ª Câmara Criminal de São Paulo, no entanto, determinou que o processo fosse reiniciado do zero, com a realização de tribunal do júri, método de julgamento em que crimes contra a vida são submetidos.
Em São Carlos, essa foi a primeira vez que um médico tem seu julgamento em um júri popular por acusação de algum crime em hospital.
A mãe de Noah, Vanessa Palermo, contou que começou a pesquisar sobre o médico na internet e encontrou a foto dele no estádio de futebol. Ela afirmou ainda que se sentiu culpada por ter deixado o filho aos cuidados de Luciano.
De acordo com os pais, o médico foi contatado por telefone após a piora no estado de saúde da criança, mas não respondeu. Um outro pediatra, que foi até a Santa Casa, determinou que Noah fosse transferido para o UTI.
O médico se disse injustiçado no processo e relatou, em seu depoimento, como foi atacado, humilhado e xingado, segundo ele, nos últimos anos.
Luciano foi condenado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e teve a suspensão do exercício profissional por 30 dias.
Relembre o caso
Em 4 de junho de 2014, o menino deu entrada no Hospital Universitário e encaminhado à Santa Casa local após diagnóstico de apendicite. No dia seguinte, o paciente foi operado pelo médico Luciano Barboza Sampaio.
Um dia depois, ainda internado, o menino acordou com fortes dores abdominais, o que foi informado pelos pais ao médico. Conforme o inquérito policial, o médico deixou o plantão sem pediatra e se dirigiu à São Paulo para assistir a um jogo de futebol.
Diante da piora do quadro de saúde, Noah foi internado na UTI em estado gravíssimo, onde morreu em 7 de junho.
(com informações do G1)
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