Pesquisadores das regiões de São Carlos, Rio Claro e Piracicaba se uniram para levar à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) a proposta de reconhecimento do que pode ser o primeiro geoparque do Estado de São Paulo.
A ideia é criar uma grande área de interesse geológico para a promoção da ciência, educação e desenvolvimento sustentável, na região da bacia hidrográfica do rio Corumbataí, entre a sua nascente, em Analândia, até o seu deságue no rio Piracicaba, em município homônimo.
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A ideia para a criação do Geoparque Corumbataí surgiu há quase 30 anos, em 1994, em proposta da professora Mariselma Zaine, de ciências biológicas da Unesp. Ao longo de pesquisa de pós-doutorado, a cientista inventariou patrimônios naturais em toda a bacia hidrográfica.
Neste inventário, constam serras, cachoeiras, grutas, áreas de proteção ambiental, sítios arqueológicos e formações que remontam à cisão das porções de terras que compreendem hoje aos continentes americano e africano, de acordo com o geólogo Alexandre Perinotto, docente do Instituto de Geociências e Ciências Exatas, da Unesp Rio Claro.
“Temos por aqui uma geologia muito expressiva, com fósseis, que atestam a separação entre o Brasil e a África, que mostram o início do Oceano Atlântico, com relevos, as cuestas, com os derrames de basalto, dos grandes magmatismos”, comenta.
O inventário do Geoparque Corumbataí reúne 170 pontos chamados geosítios. Além das formações naturais, culturais e até históricos. São cavernas, formações como as serras do Cuscuzeiro, dos Padres, do Itaqueri, cavernas e até pinturas rupestres catalogadas em Analândia, que jogam luzes sobre a ocupação pré-históricas no continente americano.
O geoparque da bacia do Corumbataí compreende área de 1.700 km² que congrega o ribeirão Claro e os rios Passa Cinco e Cabeça. As curvas sinuosas das águas costuram os municípios de Analândia, Itirapina, Corumbataí, Rio Claro, Santa Gertrudes, Cordeirópolis, Ipeúna, Charqueada e Piracicaba.
“A ideia principal que está por trás disso é que as pessoas que vivem neste território passem a conhecer toda a potencialidade natural, histórica e cultural que está naquele lugar. Ao conhecer, elas passam a valorizar, preservar e ir ao encontro com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU [Organização das Nações Unidas]”, afirma o pesquisador.
Nos aspectos legais ou regulatórios, a criação do Geoparque Corumbataí não impactará em restrições no uso do solo ou aumento das áreas de preservação. Por outro lado, estimula o turismo natural, cultural e histórico como forma de preservação destas riquezas de valor imensurável.
“Estamos fazendo de tudo para que essa estratégia de conservação envolva as prefeituras, órgãos representativos das comunidades, como os conselhos de turismo, meio ambiente, associação de bares, restaurantes. Todos entram neste processo que é a mola-mestra do geoparque”, explica o geólogo.
A iniciativa do Geoparque Corumbataí reúne esforços da Unesp Rio Claro, Unicamp, pesquisadores do Consórcio PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) e das prefeituras das nove cidades. Perinotto afirma que o grupo já enviou ao Itamaraty, em Brasília, ofício noticiando a candidatura regional à iniciativa da Unesco.
A primeira apresentação do geoparque paulista será feita na 10ª Conferência Internacional da Unesco sobre Geoparques, marcada para setembro em Marrakesh, no Marrocos. A decisão deve ser tomada em meados de 2024.
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