Nesta segunda-feira (27) é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, data instituída pela Lei nº 11.584/2007 que visa conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, promover a conversa entre familiares sobre se tornar um doador.
Mesmo que sendo amplamente discutido nos últimos tempos, o assunto ainda é de difícil entendimento. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Univesp) identificou três motivos principais para a alta taxa de recusa: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe a respeito da comunicação do óbito e religião.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2020 o índice de recusa à doação de órgãos pela família ficou em 37,8% dos casos com morte encefálica identificada, que é quando cessa a atividade cerebral do paciente.
Segundo o nefrologista Henrique Carrascossi, existem dois tipos de doação: o doador falecido – quando é detectada a morte cerebral -, e o doador em vida. Para não vivos, podem ser retirados os rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino, além dos tecidos.
“No caso do doador falecido, a família tem que estar de acordo e autorizar a retirada dos órgãos, então é importante que as pessoas conversem entre si sobre esse assunto para que, caso aconteça, a família faça a autorização, porque se a família não autorizar não pode ser feita a doação”, explicou.
No caso de doadores vivos, podem ser obtidos os seguintes órgãos: um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões. O médico deverá avaliar o histórico clínico do doador e suas doenças prévias. “Caso dê certo, vai precisar de uma autorização judicial”, completou.
“O mais importante de tudo é que as pessoas conversem sobre esse assunto, é uma atitude que muitas pessoas aguardam um órgão para se manterem vivas, e outras pessoas aguardam um órgão para mudanças na qualidade de vida. É um ato de amor, um ato muito importante, um ato de doação de vida”, comentou.
Dados
O Brasil possui hoje 53.218 pacientes na fila por um transplante de órgãos. A grande maioria (31.125) aguarda para receber um novo rim. Em seguida, vem a fila por um fígado (1.905). No país, estão registradas ainda 365 pessoas à espera de um coração e 259 de pulmão.
“Apesar do avanço da vacinação contra a Covid-19 refletir uma melhora nos sistemas de saúde, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos destaca que o primeiro semestre de 2021 trouxe outra queda de 15% nos transplantes de rim em relação a 2020. Esses dados alarmantes reforçam a necessidade da população em entender o quão valioso é o ato de se doar órgãos”, disse o nefrologista Henrique Carrascossi.
O número total engloba 19.115 pessoas que aguardam por um transplante de córnea, embora esta seja considerada um tecido, e não um órgão, e que o procedimento seja, muitas vezes, considerado não eletivo.
Até o momento, neste ano foram realizados 5.626 transplante no país, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes. O número representa uma recuperação em relação aos 3.937 procedimentos realizados no ano passado, quando houve uma queda brusca no número de doadores devido às restrições provocadas pela pandemia de Covid-19. Em 2019, foram realizados 7.715 transplantes.
*Com informações da Agência Brasil.