Nesta semana foi celebrado o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, data que traz uma importante reflexão sobre preconceitos, lutas e direitos. Em São Carlos, o número de matrimônios registrados triplicou nos últimos dez anos e atingiu um aumento de 207,6%. A alta também reflete nas duas maiores cidades na região, Araraquara e Rio Claro.
Dados da Arpen-SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo) ainda apontam que o Estado de São Paulo lidera o ranking nacional de casamentos homoafetivos, com 30 mil uniões de 2013 a 2022.
Em São Carlos, de 2013 a abril deste ano, 235 casais celebraram a união em um ato de amor e resistência diante de tanto preconceito e homofobia. Nos outros municípios, esse número também é expressivo: 199 em Araraquara e 115 em Rio Claro.
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De janeiro a abril deste ano, os cartórios de São Carlos somaram nove uniões, sendo sete entre homens e dois entre mulheres. Já em Araraquara foram seis casamentos no total – dois entre homens e quatro entre mulheres -, e em Rio Claro, sete no total, com três entre homens e quatro entre mulheres.
GARANTIA DE DIREITOS
Foi em 2013 que o CNJ (conselho Nacional de Justiça) publicou uma resolução que passou a garantir aos casais homoafetivos o direito do casamento no civil, uma conquista importante para a comunidade LGBTQIAP+.
O fisioterapeuta e ator Marcio Antunes, de São Carlos, é casado em união estável com o pedagogo e bailarino Miguel Cossio há oito anos. Ele explica que foi um processo árduo para lidar com preconceitos, principalmente o próprio em relação às pessoas e vice-versa.
“Minha família, por exemplo, demorou um tempo a mais para aceitar, tratavam a gente como amigos, demoraram para conseguir vir na minha casa e ficar bastante tempo. Você quebra com a expectativa que seus pais pensaram em relação a você, além das expectativas da sociedade em relação a você, tem a da família”, comentou.
Hoje, ele vê a importância da decisão tomada pelo casal. “Isso já ajudou muita coisa depois, a gente conseguiu alugar uma casa melhor, financiar o carro, construir várias melhorias na nossa estrutura familiar por conta dessa união, e sem contar que isso garante vários direitos se um de nós não chegar a existir”, explicou.
COMPARTILHAMENTO E LUTA
Ana Carolina Romualdo e Letícia Pucca também são exemplos. Elas se conheceram em uma festa LGBTQIAP+ em Araraquara, namoraram e se casaram em fevereiro, uma decisão que teve o apoio que muitos não têm: o familiar.
“Era um passo que queríamos completar, o início de duas vidas. Graças a Deus, as duas famílias nos respeitam e nos acolhem, e isso reflete na paz que temos para viver. A família é a base tanto para ela quanto para mim”, contou.
Ela relata que como um casal não sofreram com preconceitos até o momento, mas conhece casais que passaram por situações de resistência. Para ela, a união é fruto de coragem mútua e disposição para lutar.
“Temos amigos que sofrem, que tem aquele acolhimento de medo em casa, que priva as pessoas de viverem e de serem quem elas são porque outras pessoas querem condenar ou aniquilar aquilo. Estarmos juntas, além de escolha, é também empenho e vontade”, completou.
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