A família de uma menina de 12 anos grávida acusou o pai de abuso sexual à Polícia Civil de São Carlos. Os estupros teriam ocorrido em Goiânia (GO) desde o fim do ano passado.
Segundo familiares, a menina teria pedido por socorro em ligações para uma tia que mora em São Carlos. Ela foi resgatada pelo Conselho Tutelar de Goiânia, que entregou a menina aos cuidados do irmão de 21 anos. Ambos estão abrigados em São Carlos na casa de parentes desde o final de semana. Como ocorreu em Goiás, o caso será investigado pela Polícia Civil de Goiânia.
Em um primeiro momento, a tia conta que pensou que o caso era de maus-tratos, mas em conversas com a vítima descobriu que a menstruação dela estava atrasada. Aí vieram as suspeitas de gravidez confirmada posteriormente por meio de exame e de que o pai da adolescente quem supostamente teria a engravidado. A gestação está no quarto mês.
“É nojento ouvir a menina falando que lavava o rosto com sabão em pó, se esfregava com escova dentro do banheiro. Ela falava que estava cansada a noite inteira, que queria dormir. Se ouvir ela falando, não tem que não se revolte”, conta a tia.
A menina vivia com o pai e irmãos em Goiânia desde novembro do ano passado. Antes, ela morava na cidade de Bonito (BA) com outra tia que tinha a sua tutelas. No Nordeste, teria também sofrido de maus-tratos.
Cleberson Oliveira dos Santos, irmão de 21 anos da garota, está responsável pela menina. Em entrevista ao ACidade ON São Carlos afirmou que desconfiava que a garota seria vítima de abuso. A confirmação ocorreu em São Carlos, durante conversa com a tia.
“Neste momento é muito difícil, não é? É um momento de raiva mesmo, não sei explicar direito”, comenta.
O pai suspeito de abuso sexual trabalha como pedreiro na capital de Goiás. Ele tem histórico de violência e chegou a ficar preso investigado de ter matado a esposa, mãe de Cleberson e da vítima. Após o feminicídio e a prisão, mantinha rotina de opressão em casa. Os filhos ficavam trancados na residência.
“Ele era violento e muito ciumento também. Não deixava a gente sair de casa. Ficávamos direto trancados dentro de casa. Não podia nem sair na rua, principalmente as meninas, mas nem a gente homem podia. Ele trancada (a porta) e levava a chave”, conta.
A advogada da família, Luzia Helena Sanches, afirmou que está buscando informações junto à Polícia Civil de Goiânia para saber como será conduzida a investigação.
“Nós vamos atuando para a preservação de todos os direitos desta criança. Com relação ao pedido de aborto, se for de vontade da menina vamos assegurar para que ela tenha”, declara.
A advogada disse ainda que quer garantir a prisão e “também para que a pessoa que fez esse ato monstruoso com ela seja punida no rigor da lei”.
Investigações em Goiás e Bahia
A delegada de Defesa da Mulher, Denise Gobbi Szakal, explicou que já enviou o boletim de ocorrência para a delegacia especializada de Goiânia, que deve se encarregar das investigações. Há também denúncia de maus-tratos sofrido pela menina na Bahia, o que deve ser objeto de apuração no estado nordestino.
“Essa vítima provavelmente será ouvida pela juíza ou juiz de Goiânia, porque reza a lei que crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual devem ser ouvidas única vez em juízo sede de depoimento especial”, explica.
A titular da Delegacia de Defesa da Mulher ainda disse ter solicitado exames médicos para juntar às provas do inquérito.