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CotidianoMães solo reforçam resistência e resiliência do invisível trabalho de cuidar

Mães solo reforçam resistência e resiliência do invisível trabalho de cuidar

Conheça a história de Lia e Thulany, mães que se desdobram em suas rotinas para darem o melhor aos filhos

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Resistência, resiliência e abdicação. É com essas três palavras que a Lia Guimarães, de 41 anos, define a maternidade solo.

Professora, Lia é mãe de dois: a Luisa, de 16 anos, e o Luis Miguel, de 5 anos. Luisa tem o pai presente, diferente do irmão. Lia foi abandonada na 11ª semana de gestação pelo genitor do Luis Miguel, após um relacionamento abusivo e tóxico. Desde então, ela cria o pequeno absolutamente sozinha.

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A rotina é cheia. Leve e traz da escola e das atividades diárias, comida na mesa, roupa lavada, casa limpa, banho tomado, dever feito, hora de brincar. Tudo na responsabilidade de Lia. E é nesse contexto que entram duas das palavras citadas no início dessa reportagem: resiliência e abdicação.

“Resiliência é porque, apesar de qualquer coisa, não dá para parar. E a abdicação é todos os dias. Não há espaço, muitas vezes, para poder sentir, poder falar, para podermos sermos ouvidas”, explica.

A falta de rede de apoio também contribui para uma sobrecarga que nunca termina. A casa não fica 100%, os brinquedos ficam espalhados pelos cômodos, assim como as tarefas intermináveis de uma dinâmica que depende só da mãe. Não há outra opção.

“Muitas vezes é você ter de fazer algo e não querer, ir ao supermercado, qualquer coisa. Eu não tenho como não fazer. Falar que não acordei legal e não vai dar é impossível. Se eu não lavar a roupa, o que eles vão vestir? Se não cozinhar, o que eles vão comer?”, reflete.

No Brasil, mais de 11 milhões de mulheres são mães solo, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas. Na última década, o número cresceu 17,8%.

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Thulany Natit Silva Leite, de 37 anos, está nesse mesmo barco. Ela também é mãe solo. Daruê, tem 13 anos e para dar conta da criação dele, Thulany, que é educadora social, trabalha em dois empregos.

Thulany e o filho Daruê (Foto: Arquivo Pessoal)

Com a vida puxada, ela ainda tem de lidar com o preconceito nos olhares. Uma pressão infundada para a existência de uma figura masculina na casa, o julgamento dirigido a ela quando exige e pontua as obrigações do genitor.

“Sei que não sou perfeita, mas sei que coloco tudo o que posso em casa, coisa que proponho a fazer por ele. Tenho orgulho da minha história. Quero que o Daruê possa, a cada dia, experienciar as melhores coisas”, conta.

Culpas e orgulhos de histórias que se constroem em uma relação única: a de mãe e filhos. Um conto nada de fadas, que tem altos e baixos, acertos e erros, mas que é sempre repleto de companheirismo e entrega.

Nesse Dia das Mães, muitas Lias e Thulanys estão espalhadas pelas cidades. Cansadas, mas com a plena certeza de que não há uma conexão mais linda do que as que elas próprias criaram com seus filhos.

Individualmente, mostram as estatísticas que é sim preciso criar políticas públicas para amparo, mas seguem, resistindo, amando e educando no principal papel da nossa sociedade, o de ser mãe.

“Sou mãe, sou mulher e sou dona de quem eu sou. Batalhei e batalho muito para educar o meu filho. Ele me ensinou a amar, a ser forte e a perseguir todas as coisas que eu almejo. Afinal, ele é o meu pilar. Hoje, eu tenho mais do que certeza de que, sem ele, não existiria essa Thulany”.

Thulany Natit Silva Leite, mãe do Daruê

“É o amor mais sincero e verdadeiro que existe. Eu sei que não sou a mãe perfeita, mas, dentro das minhas possibilidades, sou a melhor mãe do mundo para eles”.

Lia Guimarães, mãe da Luisa e do Luis Miguel

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