O transporte intermunicipal entre São Carlos, Ribeirão Bonito e Dourado tem sido um verdadeiro transtorno para quem precisa do serviço. Com quebras constantes de ônibus e linhas suspensas, muitos ficam sem ter como voltar para a casa após longas horas de trabalho, e sem aviso prévio.
A são-carlense Cleide Cunha é professora e trabalha em Ribeirão Bonito. Sua rotina inclui saída na linha das 4h45 e retorno às 16h20, de terça a sexta-feira, mas tem sido bastante afetada. Ela comenta que a situação está causando estresse e nervosismo.
“Depois da pandemia, tiraram vários horários de ônibus e voltaram alguns, mas fora isso deu de quebrar dois ônibus ao mesmo tempo, nos deixando na mão. Não tem ônibus para colocar quando quebra, temos que procurar outra forma de ir ou voltar, pois os mecânicos vêm de Bauru para consertar”, comentou.
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Ana Paula da Silva faz a rota contrária. A professora leciona em São Carlos e também depende do ônibus para ir trabalhar e retornar para casa, mas ultimamente tem ficado “a ver navios” pela quebra constante dos veículos.
“Para muitos trabalhadores as empresas não pagam cachê e sim carregam o cartão de passe para que eles possam vir trabalhar, e quando quebra o ônibus ficam dependendo da boa vontade dos amigos, pedem favor, pois não tem em mãos dinheiro para fretar um Uber para levá-los para casa”, disse.
A professora ainda comenta que os atrasos também têm sido frequentes e geram insegurança e até medo de perder o serviço por parte dos trabalhadores. “As empresas toleram uma, duas, até três vezes, mas sempre a mesma justificativa uma hora resulta em demissão”, completou.
A ribeirão-bonitense Marcela Santana trabalha no comércio de São Carlos e também convive com o mesmo problema. Ela menciona a questão dos horários atuais, que não condizem com a necessidade de muitas pessoas que inclusive também trabalham no mesmo ramo.
“A loja abre 9h, o horário que ficaria favorável ficou dois meses e saiu de linha. Eu acordo 5h para pegar o ônibus das 6h, para ficar duas horas esperando a loja abrir. Você sai para trabalhar, não sabe se vai chegar no serviço ou se vai chegar em casa, tenho que ficar devendo hora para a empresa. Não temos estabilidade alguma”, disse.
Na quinta-feira (8), por exemplo, pelo menos três horários de ônibus foram suspensos por quebra de veículos. Os comunicados foram publicados nas redes sociais das rodoviárias de Dourado e Ribeirão Bonito, que indicaram que os passageiros formalizassem denúncias ou reclamações no site da Artesp.
Posicionamento das empresas
Em nota ao portal acidade on, a Artesp informou que no segundo semestre deste ano foram aplicadas oito multas à Viação Adamantina. Entre as autuações, segundo a agência, estão a redução do número de viagens e a alteração de esquema operacional.
Em relação às reclamações dos passageiros, a Artesp informou que apenas uma chegou à Ouvidoria. “É importante que qualquer irregularidade na linha seja comunicada oficialmente a Ouvidoria da Agência pelo 0800 727 83 77 ou ouvidoria@artesp.sp.gov.br.” informou.
A Viação Adamantina foi questionada pelo portal acidade on a respeito das más condições dos ônibus, dos atrasos e cortes de linhas, reclamações feitas pelos passageiros, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
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