Após o sucesso em seu lançamento realizado em 2021, o Núcleo de Empreendedorismo da USP São Carlos (NEU-SC) anuncia para o segundo semestre de 2022 uma nova edição do programa Innostart – uma iniciativa gratuita que tem como objetivo a pré-aceleração de startups de base científico-tecnológica (deeptechs).
Ao longo de 14 semanas, por meio de workshops, aprendizagem invertida (flipped learning) e networking com empreendedores de sucesso, o programa apoia docentes e pesquisadores de mestrado, doutorado e especialização que querem levar suas pesquisas para o mercado.
A edição inaugural do programa contou com a participação dos cinco institutos da USP São Carlos (EESC, IAU, ICMC, IFSC e IQSC), trazendo rico conteúdo sobre modelo de negócios e mercados, inovação, descoberta de clientes, estratégia corporativa, propriedade intelectual, transferência de tecnologia, entre outros.
O objetivo principal do programa é auxiliar o(a) pesquisador(a) a investigar problemas existentes e solucioná-los por meio de seu conhecimento aplicado e da expertise de seu laboratório. Assim, os fundadores das startups inscritas são motivados a apresentar suas ideias, de modo a aprender técnicas relevantes e receber continuamente feedbacks tanto de mentores quanto de investidores de primeira categoria, convidados do programa.
Durante a edição do programa em 2021, a equipe responsável pela interface entre os investidores e as startups participantes também divulgou oportunidades de aceleração, hackathons, missões internacionais e coworking.
Objetivos alcançados
Embora a primeira edição do Innostart tenha sido praticamente um projeto piloto, seus objetivos foram plenamente alcançados. O programa foi desenvolvido com a mesma metodologia ensinada aos participantes, isto é, a adoção do processo de empreender desde o início, com a formulação de hipóteses e a criação de pequenos experimentos para validá-las.
“O Innostart validou o interesse de cientistas da USP São Carlos a criarem startups; de especialistas, agentes do mercado, investidores e outras pessoas externas apoiarem a comunidade científica na criação de novos negócios de base científico-tecnológica; e de estudantes de graduação atuarem na facilitação de workshops e flipped classrooms, vivenciando a criação de startups para, no futuro, talvez criarem as suas próprias”, destaca Bruno Azevedo, um dos idealizadores do Innostart.
Os 17 projetos participantes do Innostart 2021 foram divididos em cinco clusters temáticos: Materiais, Eletrônica e IoT, Economia circular, Softwares e agricultura, e Saúde e educação.
Durante a realização do programa, um dos pontos altos foi entender que a criação de startups derivadas de pesquisa (spinoffs acadêmicas) é difícil, mas que cada projeto é único, o que fez com que cada participante semanalmente se engajasse nas diversas e ricas trocas de experiências, de ferramentas de ideação até exercícios de negociação com investidores.
O evento final da primeira edição do Innostart, chamado de Demo Day, aconteceu no encerramento da COFEST Sancahub, o festival colaborativo de empreendedorismo, tecnologia e inovação da cidade de São Carlos, ocorrido durante o mês de setembro, e foi uma ótima maneira de apresentar à comunidade são-carlense uma nova iniciativa de aproximação entre academia e indústria.
Na ocasião, houve uma premiação simbólica, com a banca de jurados tendo escolhido como vencedora a startup u-Shar e sua proposta de solução digital para compartilhamento e aluguel de equipamentos de bens ociosos. Com o apoio de patrocinadores, ela e as demais startups participantes ganharam cursos e treinamentos para ajudá-las ainda mais nas próximas etapas de suas jornadas empreendedoras.
Neste ano
Para a edição de 2022, a ideia é ampliar ainda mais o potencial do programa Innostart. A nova gestão, formada por Godfred Assan (presidente do NEU-SC), Érika Cardoso (vice) e Iury Lacerda (diretor do time de Pré-aceleração e Ecossistemas, responsável pelo programa de pré-aceleração Innostart) está envolvendo ainda mais institutos, departamentos e laboratórios da USP São Carlos.
Além disso, neste ano o programa também será viabilizado para a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o que abre um leque ainda maior de tecnologias nas áreas de ciência da informação, saúde, ciências humanas e biológicas, entre tantas outras com potencial de impacto social e econômico. Interessados em participar da edição 2022, inclusive, já podem fazer uma pré-inscrição acessando aqui.
Innostart e a vitrine do potencial aplicável existente na universidade
Apesar de poder ser considerado um celeiro de talentos, o potencial brasileiro ainda é pouco explorado no que diz respeito às tecnologias aplicáveis. “Nosso país investe US$ 30 bilhões do PIB em P&D (63% público, 37% privado) e fica em 10º no ranking mundial de publicações científicas da NSF, porém amarga a 60ª posição nos rankings de impacto (SCImago) e de inovação (WIPO). Além das dificuldades burocráticas para se empreender no país, sobretudo em tecnologia, altamente dependente de importações de equipamentos/componentes e com altas barreiras de entrada, um dos principais motivos da baixa colocação nesse ranking é a dificuldade de se identificar tecnologias aplicáveis – e que a USP desenvolve com maestria – e direcioná-las para o mercado”, destaca Bruno Azevedo.
Para ele, o modelo tradicional de licenciamento de tecnologias da universidade para grandes empresas cria dificuldades dos dois lados: “para os executivos, essa tecnologia nem sempre está madura o suficiente, pronta para se tornar um produto e valer o risco do investimento. Para os cientistas, se tudo der certo e essa tecnologia for licenciada, ótimo, mas se ela se tornasse uma startup, o retorno para quem inventou e para a universidade onde a tecnologia surgiu seriam muito maiores, com mais recursos para bolsas de pesquisa, vagas para iniciações científicas e estágios, royalties para o laboratório e para a universidade e, o mais importante, o reconhecimento e uma potencial carreira como cientistas empreendedores para a equipe de inventores.
Nesse sentido, o Innostart ganha mais um ponto de destaque: o de sensibilizar toda a comunidade para o potencial aplicável existente na universidade e entender como os diversos agentes ao redor, que vão desde estudantes de graduação buscando um estágio até grandes fundos de Venture Capital em busca de diversificar investimentos, podem reconhecer o valor da pós-graduação e somar forças para criar novas terapias genéticas, novos fármacos e vacinas, novos materiais de construção de baixo custo, entre outras tecnologias que podem, de forma concreta, melhorar a vida de toda a sociedade.
NEU São Carlos, um polo de novos empreendedores
O NEU São Carlos, ou NEU-SC – Núcleo de Empreendedorismo da USP São Carlos -, é um grupo de extensão, apoiado pelo Centro Avançado EESC para Apoio à Inovação (EESCin), da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), focado em difundir a cultura empreendedora e de inovação para estudantes de graduação e pós-graduação da USP São Carlos, da UFSCar e de outras instituições da região. Ele serve como uma grande base de apoio e auxílio da universidade na geração e aceleração de startups.
Por meio do NEU-SC, o conceito de tripla hélice modelo de inovação que descreve as interações entre academia, indústria e governo -, é difundido cada vez mais nas universidades, uma vez que também existe um número cada vez maior de estudantes que não se enquadram nas opções tradicionais profissionais, como buscar um emprego formal no mercado ou seguir carreira acadêmica, mas vislumbram na universidade um lugar de oportunidade para aprender a empreender.
“Essa, inclusive, é uma visão presente no Innostart: a de que, num futuro próximo, um(a) estudante não passe no vestibular e, na metade do curso, descubra na universidade que empreender é uma possibilidade, mas sim venha para a universidade já pensando que aqui é o melhor lugar para se começar uma startup, com todo o apoio tecnológico (infraestrutura), social (densidade de talentos) e financeiro (investidores atentos e em busca de oportunidades) que precisa. Se depender do NEU São Carlos, do EESCin, da USP e dos ambientes de inovação da cidade, é questão de tempo até isso se tornar realidade e impactar positivamente a vida de todos nós”, conclui Azevedo.