O secretário-geral do PSDB, deputado Beto Pereira (MS), afirmou ao Broadcast Político que a decisão do ex-governador de São Paulo João Doria de desistir de concorrer à Presidência da República abre caminho para o partido apoiar o nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS). Pressionado pela alta rejeição do eleitorado, o tucano disse nesta segunda-feira (23), que sai da disputa “com o coração ferido, mas com a alma leve”.
“Isso garante ao partido dar prosseguimento a tratativas com o MDB, a fim de unificar a candidatura de centro em torno da senadora Simone Tebet”, afirmou Pereira. O deputado desembarcou nesta segunda-feira em São Paulo, para uma reunião com o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, e outras lideranças tucanas, da qual Doria participaria.
O ex-governador venceu as prévias do PSDB em novembro passado, contra o também ex-governador Eduardo Leite (RS), mas não conseguiu unir o partido em torno de seu nome. Primeiro, houve um movimento para ignorar o resultado das prévias e lançar Leite no lugar de Doria. O gaúcho chegou a ensaiar uma pré-campanha paralela.
No final, Leite abriu mão da disputa e apoiou Doria. Mesmo assim, o ex-governador de São Paulo continuou a enfrentar resistências dentro do próprio partido. O PSDB fez um acordo com o MDB e o Cidadania para lançar uma candidatura única à Presidência, na tentativa de furar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lideram as pesquisas de intenção de voto
Com a probabilidade de a alta rejeição de Doria acabar contaminando a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo de São Paulo, o partido passou a pressionar para que ele abrisse mão de concorrer ao Palácio do Planalto em benefício de Tebet.
Vice-tucano
O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse que o nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) “está posto” como representante da chamada terceira via e que considera “natural” que os tucanos indiquem o candidato a vice na coligação formada até aqui por MDB, PSDB e Cidadania.
A executiva nacional do PSDB vai se reunir nesta terça-feira (24), em Brasília, para chancelar a decisão do partido de não lançar candidatura presidencial própria pela primeira vez desde sua fundação e confirmar o apoio a Tebet.
“O PSDB não existe como fim dele mesmo. O gesto de João Doria é uma entrega à democracia e um compromisso que será eternamente reconhecido pelo partido”, disse Araújo em entrevista coletiva.
Ainda segundo o dirigente, o PSDB e o MDB vão agora alinhar as estratégias regionais e o plano de governo da coligação. Um dos Estados que entrou na articulação dos dois partidos foi o Rio Grande do Sul, onde o MDB deve apoiar o projeto encabeçado pelo ex-governador Eduardo Leite.
Questionado sobre o futuro político de Doria, o presidente do PSDB afirmou que o ex-governador “vai ser o que ele quiser” e participar “da forma como entender”. Araújo também afirmou que ainda espera contar com o União Brasil na chapa da terceira via. Resultado da fusão do PSL e do DEM, o União Brasil chegou a participar das primeiras articulações em torno de uma aliança, mas acabou se retirando das negociações e lançando a pré-candidatura de Luciano Bivar; a nova sigla ainda tem em suas fileiras o ex-juiz Sérgio Moro, que também abandonou a corrida presidencial e caminha para concorrer ao Senado em São Paulo.
“O União Brasil é parceiro do PSDB na Bahia e em São Paulo. Fica um apelo de reflexão para o União Brasil voltar se incorporar nesse projeto. Seria muito bem vindo nessa construção”, afirmou Araújo.