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Saúde50 anos do PNI mostram avanços trazidos pela vacinação em massa no Brasil

50 anos do PNI mostram avanços trazidos pela vacinação em massa no Brasil

Um dos maiores programas públicos de imunização do mundo mostrou que a saúde pública poderia ser universal em um país de grandes desafios

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Já é tradição. Dia Nacional de Imunização é data de movimento nos postinhos de saúde das cidades, chororô dos pequenos e vacina no braço – ou gotinha na boca.

E nos últimos 50 anos, o Brasil acompanhou a importância da imunização em massa, em um programa público de vacinação que é um dos maiores do mundo, tanto em vacinas aplicadas, número de pessoas envolvidas e complexidade de se levar os imunizantes aos quatro cantos de um país de dimensões continentais.

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O comerciante João Francisco do Amaral nasceu no primeiro dia de 1984. Em sua caderneta de vacinação constam lembranças da mais tenra idade. Foram diversas doses de “picadinhas” que o fortaleceu como pessoa e toda a uma nação, devido ao caráter comunitário da imunização.

“Poxa vida, quanta lembrança boa. 27 de setembro de 84 eu já estava tomando [a vacina] anti-sarampo. Como o tempo voa!”, rememora.

E o tempo passa voando mesmo. Há 50 anos, em 1973, o Brasil conquistava a certificação internacional pela erradicação da varíola. Era a prova de que vacinar a população era uma estratégia que dava certo na contenção de perigosas doenças e um sinal de que adotando o plano seria benéfico para o país. Em uma nação de dimensões gigantes como o Brasil, das mais diversas realidades sociais, econômicas e ambientais, será que daria certo imunizar todo mundo?

Os números mostram que deu certo. Dados do Ministério da Saúde mostram que antes da criação do Programa Nacional de Imunização (PNI), em 1970, foram registrados 11.545 casos de poliomielite no país. Onze anos mais tarde, em 1981, foram 122 notificações, em 1982, 69, e em 1983, apenas 37. Em 1989, o Brasil confirmava o que viria a ser o último caso de pólio no território nacional.

“A taxa de mortalidade infantil na década de 1960, era maior que 50. Morriam 50 crianças para cada 1.000 nascidos vivos. Hoje a mortalidade infantil no Brasil está abaixo de 10”, explica o médico pediatra e especialista em imunização Wander Rezende.

Para o diretor do PNI, Éder Gatti, o Brasil passou por intensa transformação nos últimos anos que elevaram a qualidade de vida e ajudaram a reduzir os índices de mortalidade infantil. Ajudaram na melhora o saneamento, a alimentação e a assistência pré-natal, “mas, sem sombra de dúvida, a vacinação foi um componente muito importante na redução”, explica.

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Uso de pistola de ar ajudou a ampliar a vacinação no país (Foto: Acervo/Museu da Saúde Emílio Ribas)

EVOLUÇÃO DA VACINAÇÃO
O primeiro calendário de vacinação data de 1977. Era composto por quatro vacinas obrigatórias no primeiro ano de vida. Os bebês recebiam imunização contra pólio, DTP (difteria, tétano e coqueluche), sarampo e BCG (bacilo de Calmette-Guérin, da tuberculose).

A imunização atravessou por mudanças nos últimos anos. Uma que volta à memória dos “mais veteranos” é a pistola de vacinação. O instrumento portátil era acionado por um pedal e injetava com a força do ar comprimido o líquido vacinal no braço do paciente.

“Era uma pressão de ar tão forte que o líquido da vacina saía e não precisava de agulha. Parou-se de usar essa pistola, mas ela foi uma ferramenta que acelerou, quando usada, e permitiu a vacinação em massa”, relembra a médica infectologista Susi Berbert.




 

 

Nos anos 1980, surgiu outro “ícone” da vacinação brasileira: o Zé Gotinha. Garoto propaganda das campanhas de vacinação marcou gerações em uma época em que a democracia voltava ao país.

Em novo patamar, o PNI deu passos importantes, com a criação dos “Dias Nacionais de Vacinação”, contra a poliomielite, a expansão dos trabalhos além do Ministério da Saúde. Para que a vacinação fosse realmente em massa, outros ministérios se envolveram, além da sociedade civil, associações médicas, Estados. Um ator importante, o município entrou em ação, com as salas de vacinação.

“Este é o papel fundamental, pois cabe aos municípios levar as vacinas para os cantões e passar essa confiabilidade para a população”, afirma a infectologista.

Nos anos 1990, outro marco. A inclusão dos idosos na vacinação contra a gripe reduziu vertiginosamente os casos de internação e óbito relacionados ao vírus influenza.

O século virou e com ele os investimentos na autossuficiência brasileira em imunobiológicos, tema que ganhou ainda mais importância após a mais recente crise sanitária global, a Covid-19.

E o João, o comerciante do início desta reportagem, continua participando das campanhas de vacinação. “Graças a Deus. Agora é esperar o organismo fazer o papel dele”, afirma.

*Com reportagem de Fernanda Ribeiro, da EPTV Central.

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