No cenário da arte contemporânea, a fusão entre criatividade humana e inteligência artificial está redefinindo os limites da expressão artística. Refik Anadol, artista de mídia, diretor e líder na estética de dados e inteligência artificial, é um pioneiro nesse campo, utiliza dados como pigmentos para suas criações digitais. Sua mais recente exposição, intitulada “Unsupervisioned”(não supervisionada, em tradução livre), no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), é um marco no uso da IA na arte.
A instalação de Refik Anadol na entrada do museu transforma os conceitos tradicionais de arte. Uma tela digital expansiva de proporções impressionantes de 7,3 por 7,3 metros ocupa o saguão do MoMA, projetando um fluxo contínuo de imagens animadas. Cada uma dessas imagens é gerada por um modelo de inteligência artificial que assimilou a coleção completa do MoMA. Esse fluxo de imagens parece reagir ao ambiente, criando a ilusão de vida.
A obra “Unsupervisioned” transcende a mera visualização, encantando espectadores com sua combinação de tamanho imponente e conteúdo hipnotizante. Imagens fantásticas emergem criando um espetáculo interdimensional em constante evolução.
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Veja como a IA funciona
Para entender o funcionamento dessa abordagem, é essencial compreender os dois principais métodos pelos quais as inteligências artificiais desenvolvem sua habilidade única. Na aprendizagem supervisionada, exemplificada pelo Dall-E, as IAs passam por treinamento utilizando dados anotados com palavras-chave específicas.
Quando um comando é inserido em um gerador de imagens, por exemplo, “cachorro fofo usando óculos”, a IA produz uma imagem nítida baseada no conhecimento adquirido a partir dos dados relacionados a cachorros fofos.
No entanto, a abordagem não supervisionada de Anadol funciona de maneira diferente. Nesse caso, a IA busca compreender completamente o vasto acervo do MoMA por conta própria, sem recorrer a palavras-chave.
Ao longo de um período de seis meses, o software desenvolvido pelo artista e sua equipe, com a colaboração dos engenheiros da Nvidia, foi alimentado com uma impressionante coleção de 380 mil imagens de altíssima resolução, abrangendo mais de 180 mil obras de arte do MoMA. Essa seleção inclui criações de notáveis artistas como Pablo Picasso, Umberto Buccioni e Gertrudes Altschul.
Diferente de outras IA que levam tempo para produzir uma imagem a partir de um comando, o “Unsupervisioned” responde instantaneamente, como se estivesse animado por uma força própria.
Arte que Reage ao Ambiente
Uma camada adicional de complexidade é adicionada pela maneira como o “Unsupervisioned” reage ao ambiente. Utilizando dados dos movimentos dos espectadores e informações meteorológicas locais, a obra ajusta constantemente suas imagens. Essa interação constante faz com que a IA se assemelhe a uma entidade viva, adaptando-se e transformando-se continuamente.
“Frequentemente, a IA é usada para classificar, processar e gerar representações realistas do mundo. O trabalho de Anadol, ao contrário, é visionário: explora sonhos, alucinações e irracionalidade, apresentando uma compreensão alternativa da arte moderna e da própria criação artística”, destaca Michelle Kuo, organizadora da exposição.
Segundo site do MoMa, a exposição vai até 29 de outubro de 2023.
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