Nesta segunda-feira (21), o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) reagiu à condenação do hacker da “Vaza Jato”, Walter Delgatti Neto. Ele foi sentenciado a 20 anos e 1 mês de reclusão e 736 dias-multa por ter invadido mensagens telefônicas de autoridades como do próprio Moro e de procuradores da antiga força-tarefa da Operação Lava Jato. “3000 vítimas de ataques hacker. Estelionatário e mentiroso contumaz”, escreveu o senador na rede social X, o antigo Twitter.
O termo “mentiroso contumaz” usado pelo senador faz referência a uma expressão que Delgatti utilizou no próprio depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do atos golpistas. Durante embate com o parlamentar, o hacker chamou Moro de “criminoso contumaz” e afirmou que o senador só não está preso por ter recorrido a cargo com foro privilegiado.
“Eu li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes”, disse Delgatti, durante o depoimento, em referência às mensagens vazadas sobre a Operação Lava Jato”.
Na ocasião, Moro rebateu Delgatti: “o bandido aqui, que foi preso, é o senhor. O senhor é inocente como o presidente Lula, então?, questionou o senador.
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Condenação
A condenação de Delgatti foi definida nesta segunda-feira, 21, pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal de Brasília. A decisão apontou a “comprovação de materialidade e autoria” do crime de invasão de dispositivo informático, além de enquadrar o hacker na lei que trata de interceptação de comunicações telefônicas e condená-lo por crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A decisão abarca ainda outros cinco investigados da Operação Spoofing: Gustavo Henrique Elias Santos (13 anos e 9 meses de reclusão), Thiago Eliezer Martins Santos (18 anos e 11 meses de reclusão), Suelen Priscila de Oliveira (6 anos de reclusão), Danilo Cristiano Marques (10 anos e 5 meses de reclusão). Luiz Henrique Molição, que também foi alvo da Spoofing, também foi sentenciado, mas em razão de ele ter fechado uma delação premiada com o Ministério Público Federal, recebeu perdão judicial.
A Operação Spoofing da Polícia Federal investiga a invasões de celular de diversas autoridades do País que ocorreram em 2019. No mesmo ano, em julho, Delgatti Neto já havia sido preso após ter admitido as ações ilegais e ter confessado que repassou o conteúdo das supostas mensagens entre Moro e Dallagnol ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, sem cobrar contrapartidas financeiras para repassar os dados. O caso ficou conhecido como “Vaza Jato”.
As conversas mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato ao sugerir mudança da ordem de fases da operação, dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol. Os membros da Lava Jato nunca reconheceram a autenticidade das mensagens. Entretanto, o conteúdo foi utilizado como fundamento para a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba anular todas as decisões tomadas por Moro contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, por exemplo.
Os arquivos obtidos à época pela Operação Spoofing foram usados pela defesa do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva na decisão do STF que considerou Moro suspeito para julgar o petista – o julgamento foi em 2021.
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