20 de maio de 2024
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São Carlos Experience

Diversidade e sustentabilidade movimentam programação do terceiro dia do São Carlos Experience

SCX tem terceiro dia de evento com muitas palestras, inovação e roda de conversa

 

Diversidade e sustentabilidade foram duas temáticas que marcaram o terceiro dia do São Carlos Experience (SCX), nesta sexta-feira (27). 

Nossa reportagem acompanhou dois painéis e uma palestra ao longo do dia. Confira um pouco de como foi cada uma logo abaixo: 

Mulheres negras no empreendedorismo 

A cobertura desta sexta de SCX começou no painel “Resistência e Excelência: trajetórias, desafios e conquistas de mulheres negras empreendedoras”, no auditório Boulevard, em Onovolab. O diálogo teve a presença de Indioepê Omin, proprietária do espaço cultural Roots Bar; Vanessa Nunes, coordenadora e cofundadora da Afrokali, empresa de equidade e inclusão educacional/empresarial; Loany Santos, fundadora da empresa de jogos ambientais Gaia Lila; e Adla Viana, fundadora da startup de dados e IA de Gente e Cultura Tech Viz 

Loany começou o projeto como um presente à primeira filha. Inicialmente, vendia os jogos pelas redes sociais e em feiras livres. Depois, migrou o negócio para o chamado B2B (business to business, ou seja, vendendo para outras pessoas jurídicas). “Fiz uma grande venda para a prefeitura de São Carlos e aí eu me senti uma grande empresária”. O produto lúdico comercializado pela empresa é feito com materiais orgânicos, oferecendo uma experiência de sustentabilidade. 

Indioepê também falou com orgulho da trajetória iniciada em 2018, segundo ela com direito a “muita especulação imobiliária e violência policial”. “Trabalhar com uma cultura preta e periférica não é fácil. Para nós, pretos e periféricos, a música é a melhor forma de se expressar. A gente acredita que o único sistema bom é o sistema de som.” 

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Vanessa adicionou ao discurso. “Na comunidade negra a gente não faz nada sozinho. Quando a gente consegue subir degraus, queremos levar os nossos junto. “Resistindo aos obstáculos a gente tem uma perspectiva de existência plena. Não dá para falar de excelência sem falar de resistência”, acrescentou Adla.  

“Hackear” o sistema

Em seguida, a engenheira civil Adriele Fonseca, formada pela Universidade de São Paulo (USP), liderou a palestra “Empreendedorismo Feminino e Financiamento Universitário”. Falou da experiência como bolsista em vários programas durante a graduação e apresentou sua empresa, a Lilith SS, que vende produtos eróticos na internet. 

Adriele recorreu a uma pesquisa desenvolvida durante os Jogos Interrepúblicas Universitárias, em 2021, e descobriu que São Carlos contava com pelo menos seis mil estudantes morando nesses locais, mostrando um potencial para negócios. “A empresa é um movimento de empoderamento do nosso próprio prazer.” 

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A engenheira, inclusive, acredita no impacto coletivo do empreendedorismo. Tanto que usou uma fatia das vendas dos produtos para financiar um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de estudantes de Imagem e Som, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 

O curta-metragem “Vibrações Positivas” foi exibido durante o evento e o editor e roteirista Jonathan de Almeida reconheceu a dificuldade de captação de recursos para a produção nessa fase acadêmica. “Precisamos pegar essa centralização que existe: do dinheiro, do gênero e do poder e fazer uma descentralização. Temos que hackear o sistema, principalmente o financeiro: tirar o dinheiro de onde tem mais e colocar onde tem menos”, afirmou Adriele. 

Resíduos sólidos 

Outra discussão importante da programação envolveu o tema “Resíduos sólidos: São Carlos precisa avançar”, com o promotor público Flávio Okamoto e o consultor na área de PCR (resíduos pós-consumo) Amarildo Bazan. A idealização e mediação foi da professora Alessandra de Almeida Lucas, do DEMa/UFSCar.

De acordo com Bazan, os últimos dados da cidade relacionados ao assunto são de 2019, retirados do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólido (Sinir). No estudo, São Carlos ocupava o 213º e o 651º lugares, respectivamente, no Índice de Sustentabilidade e Limpeza Urbana a nível estadual e nacional. 

Bazan ainda apresentou um número impactante. Afirmou que, se fosse possível coletar 100% do material reciclável descartado na cidade, poderia haver uma arrecadação municipal de R$ 27,8 milhões ao ano. 

Okamoto acrescentou que “sobretudo nas periferias, não é aceitável que as pessoas vivam nessa proximidade com o lixo”.  

O promotor também lembrou que as localizações dos ecopontos nem sempre são tão estratégicas. “Alguns modelos de ecoponto se mostram falhos. Não adianta você ter o ecoponto e acreditar que uma pessoa da periferia, que não tem carro, vai levar um metro cúbico de entulho a pé. Aí ela paga 10 reais para o carroceiro, ele pega e joga a duas quadras da casa dessa pessoa, no próprio bairro dele”, citou. 

O SCX 

O São Carlos Experience acontece até o próximo domingo (29). O festival foi previamente nomeado como “um evento feito de vários eventos”. A programação completa e o formulário de inscrição para participar estão no site oficial (https://saocarlosexperience.com) 

De acordo com a organização, esta é uma oportunidade de acesso ao “melhor que se produz no ecossistema de inovação, ciência, tecnologia e empreendedorismo de São Carlos”. A programação completa está no site oficial. 

O evento também vai reunir arte, cultura e gastronomia como pilares complementares. As atividades do São Carlos Experience serão pautadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Rafaela Viveiros
Formada em Jornalismo pela Universidade Paulista (Unip). Jornalista do Grupo EP, repórter do Tudo EP, está no portal desde 2021 e possui experiências com produção de matérias para os portais, edição de vídeos, imagens e criação de conteúdo para as redes sociais.
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