A quem não faz parte do universo da tecnologia, o nome curtinho e em inglês pode não ser o mais compreensível do mundo: hub.
No dicionário, existem alguns significados. Do ponto de vista econômico, essa é uma nomenclatura usada para centros de geração de negócios. E eles não poderiam faltar em uma cidade como São Carlos, cujo Produto Interno Bruto (PIB) ultrapassou os R$ 11 bilhões, conforme dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022.
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), hubs servem para integrar e estimular interações entre “atores de um ecossistema de inovação”.
Esse, aliás, é o foco de O Novo Lab, hub criado em 2018 em São Carlos e que fica na região central. Mais de 70 empresas ocupam as dependências, de acordo com o cofundador e COO, Leandro Palmieri.
“Aqui funciona como se você tivesse dentro de um shopping center, mas de soluções de tecnologia, de áreas de desenvolvimento, ou de inovação”, resume. “A gente tem característica de ter empresas que vão desde uma pessoa só, com o computador na mão e uma ideia na cabeça, tentando desenvolver uma startup, uma solução, até uma área de desenvolvimento mobile do Santander que emprega 300 pessoas em São Carlos”, acrescenta.
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Além do Santander, o espaço também comporta operações de marcas conhecidas como IFood; Luiza Labs (área de inovação e tecnologia do Magazine Luiza); Raia Drogasil, entre outras.
“Temos casos de empresas que começaram a desenvolver algo aqui dentro e encontraram ao lado uma outra empresa que fazia parte da solução. Estar dentro de um hub de inovação é ter esse lado da geração de oportunidades, conexões, visibilidade muito forte. O hub vai além de apenas uma infraestrutura de trabalho”, explica Palmieri.
O cofundador ainda lembra que o trabalho desenvolvido há quase seis anos tem um viés complementar e fundamental. “Nós potencializamos o que há de melhor aqui e também ajudamos a reter talentos na cidade. Antes essas empresas vinham na porta das universidades capturá-los e levá-los para grandes centros urbanos, como São Paulo, Campinas e até outros estados. O que fizemos ao longo dos últimos anos foi convencê-los de deixar esses talentos aqui, gerando riqueza para a cidade.”
DE OLHO EM SOLUÇÕES
Outro exemplo na cidade é o Instituto Inova, que existe desde 2006 e opera como hub de inovação do Parque Ecotec Damha. O trabalho desenvolvido ao longo dos anos é intitulado como o de uma “comunidade empreendedora” e, entre outras frentes de atuação, busca soluções para governos e iniciativa privada. Hoje, são mais de 50 parceiros e há uma intenção clara: resolver grandes desafios da humanidade, como por exemplo aqueles relacionados à produção de alimentos, energia, diversidade, sustentabilidade, habitação e bem-estar.
“Nós nascemos com o DNA de inovação e pivotar, olhar os modelos, tomar decisões e mudar rapidamente é o que nos faz sobreviver a cada momento. Com o passar do tempo, a própria concepção do trabalho de inovação mudou muito, mas sempre atendendo três necessidades básicas das empresas: capital de relacionamento, acesso a capital e abertura de mercados. Às vezes temos soluções que são viáveis tecnicamente, mas não economicamente”, observa a presidente e cofundadora, Bruna Boa Sorte.
FUTURO E ESSÊNCIA
A projeção dos hubs é de ainda mais crescimento nos próximos anos. O Novo Lab, por exemplo, já começou um trabalho de expansão desde 2022. “Agora temos unidades em Indaiatuba, Ribeirão Preto e Araraquara. O legal é que a gente começa a fazer um trabalho de conectar os empreendedores entre cidades. É uma grande comunidade que estamos criando”, celebra Palmieri.
Bruna, do Instituto Inova, enfatiza que, de modo prático, a inovação é traduzida quando são atendidas demandas sociais ou de mercado. “Nós temos uma outra característica que é investir em projetos de impacto social. Apoiamos, por exemplo, iniciativas de trabalho com crianças de baixa visão e cegueira, pessoas com deficiência e autistas. Recentemente, inclusive, iniciamos uma parceria com o Instituto Coragem para desenvolver um laboratório para pessoas autistas”, conta.
Ela acredita que, com esse olhar de transformação, os hubs podem fazer ainda mais a diferença. “Costumamos dizer aqui: você quer ter uma empresa de um bilhão de dólares? Então resolva as dores de um bilhão de pessoas.”
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