A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) adiou o lançamento da Missão Artemis I, que estava marcado para esta segunda-feira (29). A nova partida à Lua ficou para a próxima sexta-feira (02). Os técnicos e engenheiros já haviam demonstrado, em comunidado divulgado neste domingo (28), que havia a preocupação em relação às condições climáticas, já que foram registrados relâmpagos neste fim de semana e há probabilidade de chuvas esparsas.
Mas, apesar da instabilidade climática, a Agência Espacial informou que a principal causa do adiamento foi um vazamento de hidrogênio no motor de número 3, que não pôde ser remediado a tempo. O SLS foguete tem 98 metros de altura e é considerado o mais poderoso já criado pela agência.
Com 42 dias de duração, essa será a primeira missão do programa espacial Artemis. O programa prevê excursões cada vez mais complexas para viabilizar a presença humana na Lua – e, mais tarde, em outros corpos celestes pelo espaço. Dentro da cápsula de tripulação Orion, estarão apenas três manequins, equipados com sensores para medir radiação e vibração.
O principal objetivo da Artemis I é testar os sistemas integrados desenvolvidos pela Nasa e a resistência da Orion, que fica na ponta do foguete e precisará aguentar velocidade e temperatura bastante elevadas durante o retorno à Terra. Os testes são importantes para embasar a realização da Artemis II, uma missão tripulada ao redor da Lua prevista para 2024, e a Artemis III, que pretende levar ao satélite natural a primeira mulher e a primeira pessoa negra, em 2025.
A primeira viagem da espaçonave Orion ao redor da Lua poderá ser acompanhada em tempo real pela página Artemis Real-time Orbit Website (Arow), no site da Nasa e na conta do Twitter @NASA_Orion. Usando o Arow, é possível identificar onde a cápsula está e acompanhar dados como sua posição, distância da Terra, distância da Lua e tempo restante da missão.
MISSÃO ARTEMIS
Esta é a primeira ação do programa Artemis, que tem o objetivo de levar um voo tripulado ao satélite natural da Terra nos próximos anos. E mais, de levar a primeira mulher ao solo lunar. Além disso, a missão ambiciona ampliar a atuação no sistema solar: construir uma base lunar permanente, sustentável e fazer com que a Lua seja um ponto de apoio para projetos no planeta vizinho, Marte.
CONQUISTA DO ESPAÇO
A viagem não tripulada da próxima sexta-feira marca uma série de testes na órbita da Lua, tanto em relação aos equipamentos quanto à cápsula Orion, que deve levar até quatro astronautas na segunda etapa da missão, prevista para ocorrer até 2026. Além disso, será testada uma peça fundamental na missão, o Módulo de Serviço Europeu, responsável, por exemplo, pelos sistemas de abastecimento de água, energia, propulsão, controle da temperatura dentro da cápsula e fruto da parceria com a ESA (Agência Espacial Europeia).
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Segundo a ESA, a missão, que será comandada aqui da Terra, pode durar entre 20 e 40 dias e terminará de volta à Terra com um mergulho no Oceano Pacífico, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos. O voo de volta à Lua, organizado pela Nasa em parceria com 21 países, inclusive o Brasil, representa o retorno ao satélite 50 anos após a última viagem tripulada, em 1972, com a Missão Apollo.
O presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Moura, está entre os convidados para o lançamento da Artemis I, direto do Centro Espacial Kennedy. Para o coordenador de Satélites e Aplicações da Agência Espacial Brasileira, Rodrigo Leonardi, a Artemis I é ”um marco histórico na retomada dos voos tripulados para a exploração espacial. E a expectativa é que ao se juntar a esse programa, o Brasil também possa abrir novo capítulo em seu programa espacial”, diz.
Ele informou que o país já vem discutindo com países parceiros assuntos ligados a transporte, habitabilidade, operações, infraestrutura e ciência no âmbito do programa Artemis. O representante da AEB destacou que a missão liderada pela Nasa foi incluída entre as iniciativas do Programa Nacional de Atividades Espaciais, documento que estabelece projetos e prioridades para a próxima década.
Para a médica brasileira e empresária no ramo espacial, Thaís Russomano, a expectativa para a contagem regressiva de volta à Lua leva também a desdobramentos para as portas que podem se abrir com o novo passo na corrida espacial. “Depois de 50 anos, começamos o processo da volta à Lua. A missão Artemis reabre o caminho de construção do conhecimento necessário para que, um dia, o ser humano habite o satélite natural da terra, transformando-o no segundo lar cósmico”, diz.
A médica, que vive em Londres, chegou a participar de pesquisas sobre a ação da microgravidade no corpo dos astronautas e até mesmo de duas campanhas de voos parabólicos (quando é possível experimentar a gravidade zero sem viajar ao espaço) da Agência Espacial Europeia em 2000 e 2006. (Com informações da Agência Brasil)
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