Nesta quarta-feira (15), o Conselho de Segurança da ONU aprovou a primeira resolução desde o estopim da guerra entre Israel e o grupo Hamas, no dia 7 de outubro. O texto pede pausas humanitárias e libertação dos reféns que estão sendo mantidos na Faixa de Gaza. A aprovação ocorreu no mesmo dia em que Israel recebeu críticas internacionais por conduzir uma operação militar terrestre dentro do Hospital Al-Shifa, o maior do enclave palestino.
A resolução seguiu as críticas de governos ocidentais e árabes à ação de Israel, que alega que a invasão teria o objetivo de desmantelar supostos pontos de comando do Hamas. Segundo as forças israelenses, soldados renderam e interrogaram todos os homens com idade acima dos 16 anos que estavam no local. Além disso, Israel garante que encontrou armas que seriam usadas por integrantes do Hamas que, por sua vez, negou a presença de armamento da unidade de saúde.
Segundo os profissionais de saúde do hospital, a operação deixou uma atmosfera de confusão, tensão e medo, com explosões e tiros em meio a milhares de feridos e desabrigados.
Aprovado por 12 votos (incluindo Brasil) a 0, com 3 abstenções (EUA, Reino Unido e Rússia), o documento da ONU exige que todas as partes do conflito respeitem o direito internacional, com a garantia da proteção de civis, especialmente crianças, e libertação imediata e incondicional de todos os reféns detidos pelo Hamas. “Pedimos por pausas e corredores humanitários urgentes e prolongados em toda a Faixa de Gaza por um número suficiente de dias para permitir, de acordo com a lei humanitária internacional, o acesso humanitário das agências das Nações Unidas e seus parceiros de forma completa, rápida e segura”, diz o texto, apresentado pela diplomacia de Malta.
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Israel reagiu com críticas à resolução, que não condenou as ações do Hamas contra os judeus no dia 7 de outubro. O embaixador do país na ONU, Gilad Erdan, classificou-a de “desligada da realidade”. “Este conselho ainda não conseguiu condenar o massacre do Hamas em 7 de outubro. A resolução centra apenas na situação humanitária em Gaza e não faz qualquer menção ao que levou este momento”, declarou.
MUDANÇA
A resolução foi aprovada na 5ª tentativa de consenso do Conselho de Segurança. Os EUA, maior aliado de Israel e membro permanente do órgão, vetaram propostas anteriores que não incluíam a condenação ao Hamas, mas desta vez, com o agravamento das condições humanitárias em Gaza, decidiram se abster.
Mais cedo, o país tratou de se distanciar da decisão israelense de invadir o Hospital Al-Shifa. Segundo o porta-voz do Conselho de Segurança americano, John Kirby, a inteligência do país compartilhou informações com Israel de que o Hamas estaria utilizando a unidade para operações militares, mas não participou da decisão de fazer a operação. “Não demos autorização às suas operações militares em torno do hospital. Não esperamos que os israelenses nos informem”, disse.
OPERAÇÃO
A operação no Hospital Al-Shifa foi a última ação de Israel a gerar indignação internacional na guerra atual. Ao menos 200 homens foram presos após serem interrogados pelos soldados e dezenas de mulheres e crianças foram revistadas. Tanques israelenses entraram na área do hospital e ficaram estacionados em diversos pontos, incluindo o pronto-socorro. Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, ao menos nove bebês prematuros morreram depois que foram retirados de suas incubadoras. Vinte e sete pacientes que estavam na UTI morreram porque não tinham um respirador operacional. Agências internacionais de notícias dizem que não tinham como confirmar as informações do Hamas.
Horas depois da invasão, Israel afirmou que as tropas se retiraram do hospital e estabeleceram uma base ao seu redor. Uma das coordenadoras da organização Médico Sem Fronteiras, Natalie Thurtle, disse que as ações impedem a retirada de pacientes. “Em sua maioria, não podem se deslocar, e levando-se em consideração a situação de segurança nos arredores”, disse.
CRÍTICAS
Antes da resolução ser aprovada, Israel foi criticado mais uma vez pelo modo que conduz o conflito. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu que líderes de Israel sejam julgados por crimes de guerra. Governos ocidentais, como o Canadá e a França, também condenaram as ações.
A ONU e as agências humanitárias expressaram preocupação com a operação das tropas de Israel.
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e Agência Estado
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