31 de maio de 2024
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Quem foi James Webb?

Universo científico criticou a escolha do homenageado pela Nasa para nomear o principal telescópio espacial da atualidade

James Webb foi diretor da Nasa por sete anos (Foto: Divulgação/Nasa)

Nesta segunda-feira (29), a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) divulgou imagens, capturadas pelo telescópio James Webb, que mostram 19 galáxias expirais em resolução inédita. Veja abaixo:

As capturas fazem do projeto Phangs (Física em Alta Resolução Angular) reúne cerca de 150 observatórios astronômicos e devem permitir estudos avançados sobre a formação das estrelas e a estrutura e a evolução das galáxias, segundo cientistas.

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Quem foi James Webb

O principal telescópio do mundo, lançado em 2021, tem o nome do segundo dirigente da Nasa, que aceitou o convite de John Kennedy para assumir o comando da Agência Espacial. O então presidente dos Estados Unidos tinha prometido que o homem pousaria na Lua até o fim da década de 1960.

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James Webb nasceu em 1906, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Formado em Educação e Direito, dedicou sua vida ao serviço público e ao militarismo. Ele participou da Segunda Guerra Mundial e foi tenente do corpo de fuzileiros navais de seu país.

Com a vitória dos Aliados, Webb assumiu o cargo de diretor de Orçamento do gabinete do presidente, onde permaneceu até 1949, quando assumiu uma subsecretaria do Departamento de Estado, seguindo na função até o fim do mandato do presidente Harry S. Truman, em 1953.

Webb passou um tempo na Kerr-McGee Oil Corp, até ser convidado a assumir a Nasa. Como não tinha muita intimidade com as ciências, pensou em rejeitar o convite, mas topou o desafio e dirigiu a agência espacial entre 1961 e 1968.

No período, a Nasa teve grandes avanços. Quando ele se aposentou, a agência espacial já tinha enviado mais de 75 missões espaciais e, meses depois, o homem pisou na Lua pela primeira vez (1969). O trabalho de Webb é enaltecido até hoje.

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Quais são as polêmicas envolvendo James Webb?

Apesar das contribuições para a Nasa, James Webb tem algumas polêmicas em sua história. Na década de 1950, um movimento chamado “Lavender Scare” (susto da lavanda), perseguia pessoas LGBTQIA+ na agência espacial e no governo dos Estados Unidos.

A família de Webb já disse, em entrevista à revista Nature, que ele seria incapaz de discriminar alguém, mas não existem relatos de que ele tenha lutado contra essa política de exclusão.

A escolha do nome de Webb para o telescópio também não foi unanimidade na Nasa, já que as nomeações costumam homenagear cientistas. O fato dele estar relacionado com o “Lavender Scare” também pesou contra o nome dele para o telescópio.

Apesar do furor causado no mundo científico, a Nasa afirmou que não havia provas de que o “susto da lavanda” realmente ocorreu e a homenagem foi mantida. A discussão para a substituição do nome ainda permanece.

James Webb morreu em Washington, em 1992, aos 86 anos de idade.

Galáxias registradas

As galáxias são identificadas por códigos. A mais próxima, dentre essas 19 retratadas, é a NGC5068, situada a cerca de 15 milhões de anos-luz da Terra. A mais distante delas é a NGC1365, a aproximadamente 60 milhões de anos-luz.

“As novas imagens de Webb são extraordinárias”, disse Janice Lee, cientista de projetos para iniciativas estratégicas no Space Telescope Science Institute, em Baltimore. “Eles são alucinantes mesmo para pesquisadores que estudam essas mesmas galáxias há décadas. Filamentos são retratados nas menores escalas já observadas e contam uma história sobre o ciclo de formação estelar.”

A NIRCam (câmera quase infravermelha) do telescópio capturou imagens de milhões de estrelas, que brilham em tons de azul. Algumas estão espalhadas pelos braços espirais, outras estão agrupadas em aglomerados de estrelas.

Os dados do Instrumento de Infravermelho Médio do telescópio destacam poeira brilhante, mostrando onde ela existe ao redor e entre as estrelas. Também destaca estrelas que ainda não se formaram completamente – estão envoltas no gás e na poeira que alimentam o seu crescimento.

“É aqui que podemos encontrar as estrelas mais novas e mais massivas das galáxias”, disse Erik Rosolowsky, professor de física na Universidade de Alberta, em Edmonton, Canadá.

Outra coisa que surpreendeu os astrônomos foram as grandes conchas esféricas visualizadas em meio ao gás e à poeira. “(Esses espaços) Podem ter sido criados por uma ou mais estrelas que explodiram, abrindo buracos gigantes no material interestelar”, afirmou Adam Leroy, professor de astronomia na Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos.

Nos espirais existem grandes regiões com gás, que aparecem em vermelho e laranja. “Essas estruturas tendem a seguir o mesmo padrão em certas partes das galáxias”, acrescentou Rosolowsky. “Pensamos nelas como ondas, e o seu espaçamento nos diz muito sobre como uma galáxia distribui o seu gás e poeira.” O estudo destas estruturas deve fornecer informações importantes sobre como as galáxias constroem, mantêm e interrompem a formação de estrelas.

Segundo os cientistas, as imagens indicam que as galáxias crescem de dentro para fora – a formação estelar começa nos núcleos das galáxias e espalha-se ao longo dos seus braços. Quanto mais longe uma estrela estiver do núcleo da galáxia, maior será a probabilidade de ela ser mais jovem. Em contraste, as áreas próximas dos núcleos, que parecem iluminadas por um holofote azul, são compostas por estrelas mais antigas.

os núcleos das galáxias parecem inundados de picos de difração rosa e vermelhos. “Este é um sinal claro de que pode existir um buraco negro supermassivo ativo”, disse Eva Schinnerer, cientista do Instituto Max Planck de Astronomia, em Heidelberg, na Alemanha. “Ou os aglomerados de estrelas em direção ao centro são tão brilhantes que saturaram aquela área da imagem.”

O número sem precedentes de estrelas mostradas pelo telescópio Webb vai permitir muitos estudos, inclusive a catalogação delas. “As estrelas podem viver durante milhares de milhões ou bilhões de anos”, disse Leroy. “Ao catalogar com precisão todos os tipos de estrelas, podemos construir uma visão holística e mais confiável dos seus ciclos de vida.”

Qual a distância de um ano-luz?

Um ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros, distância que a luz percorre ao longo de um ano.

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Marcos André Andrade
Marcos André Andrade é formado em jornalismo pela Unesp e pós-graduado em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais pelo Senac. No Grupo EP desde 2022, é editor do Tudo EP e foi repórter do acidade on Campinas. Tem passagens pela Band Campinas, Rádio Bandeirantes de Campinas e Rádio Band News de Campinas, onde desempenhou as funções de âncora, editor, produtor e repórter.
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