2 de junho de 2024
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Termo buraco negro é racista?

Ministra da Igualdade Racial se referiu ao termo como racista, repercutindo nas redes sociais

Na última quarta-feira (1º), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, levantou um questionamento nas redes sociais ao se referir ao termo “buraco negro” como racista, durante sua participação no programa “Bom Dia, Ministro” da EBC (Empresa Brasil de Comunicação). 

“Denegrir é uma palavra que o movimento negro e que as pessoas que têm letramento racial não usam de forma nenhuma. Ou, por exemplo: saímos desse buraco negro”, disse Franco durante entrevista ao programa. 

No contexto científico, o termo se refere a um tipo de abismo cósmico capaz de sugar para dentro de si tudo o que se aproxima dele. Essa região do tempo-espaço foi prevista pela primeira vez por Albert Einstein em 1916. Porém, foi apenas em 1967 que o termo “buraco negro” foi cunhado pelo astrônomo americano John Wheeler.  

 

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Do final dos anos 1960 para cá, o nome “buraco negro” acabou se popularizando, mas, para entender a problemática que está relacionada ao termo, o Tudo EP conversou com o historiador e professor de História, Guilherme Oliveira, que é mestre em História da África. 

“Existe uma problemática com a expressão “buraco negro” pelo seguinte motivo: as pessoas associam o buraco negro pelo fato de ter uma ausência de cores, uma ausência de matéria. Enfim, uma ausência de materiais que permitam ter cores. Então, associam o negro a essa ausência“, explica Oliveira. 

Segundo o historiador, ainda que o termo “buraco negro” não surja de um cunho racista, a palavra “negro” foi associada a algo vazio, a perspectivas negativas. 

“É problemático quando você utiliza palavras relacionadas ao negro para falar de uma ausência, para falar de algo que não existe, como se fosse algo vazio, algo sem a presença de um significado”, continua. “Então, o termo buraco negro em si, ele não surge de um cunho racista, de um histórico racista. Mas, a palavra negro de diversas formas foi utilizada de maneira problemática, de maneira racista, de maneira associar o negro a algo vazio, a algo que não tem matéria, algo que não existe. Por isso que se faz essa reflexão em relação ao buraco negro.” 

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“Eu diria que a expressão buraco negro não vem de um histórico racista, mas a palavra negro ela foi utilizada, para além de ser um definidor de pessoas de origem africana, ela foi utilizada de forma a trazer perspectiva negativas dos aspectos materiais”, completou Oliveira. 

RACISMO LINGUÍSTICO 

Em 2023, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) lançou a cartilha “Expressões racistas: por que evitá-las” durante o encontro Democracia e Consciência Antirracista na Justiça Eleitoral. No material, palavras e expressões como “esclarecer”, “nega maluca” e “feito nas coxas” foram apontadas como passíveis de exclusão. De acordo com o TSE, o objetivo da cartilha é listar termos ofensivos que devem ser banidos do vocabulário brasileiro. 

 

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Larissa de Morais
Formada pela Universidade São Francisco, é Assistente de Mídias Digitais do Tudo EP, ACidade ON e EPTV Campinas, onde também foi estagiária de jornalismo. Com passagem por sites de entretenimento e jornalismo independente, tem experiência em redação de material jornalístico para editorias de diferentes segmentos de hard e soft news e em produção de conteúdo para redes sociais.
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