A birra é uma explosão emocional que a criança faz toda vez que ela é frustrada, quando ela recebe um não para suas vontades ou se depara com limites. Os pais relatam que as birras também geram neles uma enxurrada de fortes emoções e que causam desequilíbrio em seu comportamento de resposta, com gritos e punições exageradas e arrependimentos, porque eles não sabem como se acalmar para corrigir o comportamento da criança.
Os pais devem apresentar as regras e os limites aos filhos sim, porque essas restrições são importantes para orientar as crianças sobre o que é certo ou errado, os valores, o que é permitido ou possível fazer e o que não é. Os limites servem como base de segurança e servem para ensinar a vida e por isso devem ser justos, coerentes, razoáveis e apresentados com clareza e com consistência. Com o passar do tempo, a tendência é que as próprias crianças comecem a internalizar essas orientações e a controlar o seu comportamento sem muita intervenção dos pais.
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Sabemos que os limites são fundamentais para estrutura e organização da vida da criança, mas é importante ficar claro também que quando a criança se sente frustrada ao receber um não e faz uma birra terrível, ela precisa receber dos pais acolhimento, empatia e respeito com suas emoções. Choro, gritos, jogar-se no chão em público, avançar para bater nos pais, todas essas são reações emocionais quando a criança está tomada por raiva. O que acontece é que o seu cérebro ainda está em fase de desenvolvimento e o córtex pré-frontal responsável pelo processo inibitório e pelo freio emocional ainda não está maduro. Nesse momento de raiva, o sistema nervoso autônomo está ativado, então a criança ainda não sabe se autorregular, ou seja, ela não sabe se parar. Precisa de um adulto para ajudá-la nesse processo emocional. Na hora da birra, a criança está no máximo do stress, com os hormônios do cortisol e adrenalina em alta. E por isso ela precisa da corregulação de um adulto para se sentir segura no pico dessa fúria e ter condições de se acalmar.
O primeiro passo é perceber quais são os gatilhos da criança que despertam a vulnerabilidade emocional do adulto para aprender a se autorregular emocionalmente e para não surtar junto com a criança. Sair da cena por alguns instantes para se acalmar, beber um copo de água, respirar fundo para líberar o stress e empurrar a parede, podem ser algumas alternativas para voltar a serenidade e a lucidez necessárias para retomar ao tempo da criança e agir com empatia e respeito. Esse é o no processo que chamamos de corregulação emocional e que é tão importante para trazer calma e segurança para criança na hora da birra.
Muito provavelmente, no início desse processo de autorregulação e corregulação emocional da criança os pais podem ter dificuldades e achar difícil, mas esse é um aprendizado necessário e relevante para se ter harmonia familiar. E tudo é uma questão de treino e de empenho. Aos poucos, essas conquistas emocionais vão ficando mais naturais e adotar essas práticas de inteligência emocional será uma experiência muito rica para toda família. E, esse aprendizado emocional além de trazer paz para todos, pode liberar a criança de muitos traumas e doenças na sua vida futura.
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