15 de dezembro de 2024
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Viva Turismo

Três Pontas uma joia do Sul de Minas

A história de Três Pontas se confunde com a do café na região; confira os detalhes na matéria

Três Pontas (MG) é um dos 146 municípios que compõem a região Sul do estado de Minas Gerais. Desde sua emancipação político-administrativa, teve a agricultura como base econômica, principalmente, o cultivo do café. Atualmente, destaca-se além do agronegócio. Setores como o turismo, a indústria e o comércio também movimentam sua economia. Conhecida também como “Terra do Café, da Música e da Fé”, teve filhos ilustres que elevaram ainda mais seu nome em nível nacional e mundial. 

O atual nome do município, Três Pontas, que completou 166 anos de emancipação no último dia 3 de julho, deve-se a serra localizada a cerca de 10 km da cidade. Mas o antigo povoado já teve outros nomes e foi chamado de Candongas, São Gonçalo e Nossa Senhora DAjuda. Durante o período de colonização, por volta de 1750, foram distribuídas sesmarias (glebas de terra doadas pelo rei de Portugal para fins de povoamento do território) que citavam “indo para a Serra das Três Pontas”, o que comprova que o local já servia de referência naquela época. Fato que fortaleceu, posteriormente, a escolha do nome. 

A história de Três Pontas se confunde com a do café na região. Conforme informações do historiador, Paulo Costa Campos, publicadas em seu livro “Dicionário Histórico e Geográfico de Três Pontas (2004)”, relatos apontam que entre 1845 e 1884 já havia cultivo de café em terras locais. Com área cultivada superior a 24.000 hectares e mais de 70 milhões de cafeeiros plantados, o município já teve o título de “maior município produtor de café do mundo” e ficou conhecido como “Capital Mundial do Café”. 

Localizada em região privilegiada, Três Pontas está no coração do Sudeste brasileiro, a aproximadamente, 290 km da capital mineira, Belo Horizonte e a 347 km da capital paulista, São Paulo. Conforme dados da última prévia do Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizado em 2022, o município conta com população de 55.259 habitantes. A maior parte da população se concentra em área urbana. E esta é muito bem servida pelos serviços básicos de pavimentação, água, esgoto e energia elétrica, que atendem praticamente a totalidade dos moradores. 

Rica em recursos hídricos, Três Pontas é banhada ao Sul e Sudoeste pelo Rio Verde e a Oeste pelo Rio Sapucaí (Represa de Furnas) e possui dois ribeirões que abastecem diretamente a cidade e deles são captadas a água distribuída no município: Custodinho e Araras. Faz divisa ao Norte com os municípios de Campos Gerais e Santana da Vargem; ao Sul com Varginha e Elói Mendes; a Leste com Nepomuceno e Carmo da Cachoeira; e a Oeste com Paraguaçu e Campos Gerais. 

Turismo
O turismo é algo que sempre atraiu visitantes a Três Pontas, principalmente o turismo religioso. O Beato Padre Victor traz todo ano mais de 40 mil devotos, principalmente no dia 23 de setembro, quando é celebrada a festa litúrgica de seu aniversário de morte. E mais recentemente, o reconhecimento da Irmã Margarida como “Venerável” reforça essa vocação.
A tradição da cultura cafeeira também tem sua contribuição para área. Aprimorada nos últimos anos, a estratégia de proprietários de fazendas centenárias da cidade é oferecer o turismo de imersão. Assim o visitante tem oportunidade não apenas de ouvir histórias ou ver fotos e paisagens, mas também de participar dos processos da colheita do café. Além de poder ficar hospedado em locais que são tombados pelo patrimônio histórico municipal. 

O distrito do Pontalete, banhado pelo Lago de Furnas, é outro local que oferece opções ao turista. Com acesso fácil em trajeto quase todo asfaltado, está localizado a 23 km da área urbana do município. No local, o visitante encontra opções de hospedagem e lazer ligados à prática de esportes náuticos e também à natureza.

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Indústria e Comércio
A industrialização local aconteceu de maneira tímida. Não há na história fato marcante ou data que seja um marco. O setor sempre enfrentou a concorrência do agronegócio, principalmente, no que tange à questão da mão-de-obra e das próprias políticas públicas voltadas para a área. Mas essa fase tem mudado. A instalação de novas indústrias de médio e grande porte, bem como a ampliação de outras locais, tem feito diferença. 

Fábricas na área têxtil, no final da década de 90 e início dos anos 2000, como a Cambuci S.A. (antiga Penalty, que não funciona mais na cidade) e a Tecnotêxtil Confecções Ltda., ambas da área de material e vestuário esportivo, abriram as portas para novos empreendimentos e para novas políticas de incentivo ao setor. Posteriormente, a chegada da fábrica Brinquemolde S.A. (Brinquedos Estrela) e mais recentemente, a ampliação de setores como o de materiais e embalagens plásticas, construção civil, distribuição de pneus e lubrificantes, fabricação de adubo organomineral e fabricação de tacógrafos, ofereceram condições para que novas vagas de emprego fossem geradas no setor industrial. 

O comércio local também se destaca. A ACAI-TP (Associação Comercial e Agroindustrial de Três Pontas) possui mais de 350 associados e busca, anualmente, efetivar ações e campanhas para fomentar o setor. Conforme dados do DataMPE/Sebrae, até maio deste ano, havia mais de 5.900 pessoas jurídicas ativas em Três Pontas, considerando todos os portes e setores dos empreendimentos (indústria, comércio e prestação de serviços). 

“Terra do Café, da Música e da Fé”
O principal produto do agronegócio local já foi apresentado, o café. Mas e a música e a fé? Ambos também são destaques em Três Pontas. Filhos ilustres como Milton Nascimento, Wagner Tiso, o Beato Padre Victor, cujo processo de beatificação continua em andamento e a Venerável Madre Tereza Margarida do Coração de Maria, ou simplesmente, “Nossa Mãe”, irmã carmelita a quem também são atribuídos milagres, fazem jus a mais esse título. 

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Milton Nascimento nasceu no Rio de Janeiro, mas se mudou ainda criança para Três Pontas. E por isso a cidade respirou e viveu toda efervescência do movimento musical “Clube da Esquina”. No ano de 1977, em plena Ditadura Militar, um festival idealizado por “Bituca” e realizado na região conhecida como Paraíso, marcou época, reuniu grandes nomes da música e ficou conhecido como “Woodstock Mineiro”. O município também foi importante para a obra do artista e serviu de inspiração para algumas canções de “Bituca” em parceria com seu amigo e conterrâneo, Wagner Tiso. 

Três Pontas nunca deixou que essa chama musical fosse apagada. Tanto é que entre os anos de 1982 e 1986 promoveu o Festival Canto Aberto, que foi inspirado nos festivais nacionais. E após um período inativo, a ideia foi resgatada e aprimorada a partir de 2018. Além da música, proporciona a integração e o crescimento social e cultural, pois integra atividades que abrangem alunos das escolas locais e promove uma semana cultural. Em 1987, foi fundado o Conservatório Municipal que contribuiu para a formação musical e cultural da comunidade. Atualmente, atende cerca de 600 alunos e oferece mais de 20 opções de cursos. 

Beato Francisco de Paulo Victor, ou simplesmente, Padre Victor, veio para Três Pontas e desempenhou a função vigário em 1852 e ficou até a data de seu falecimento, em 23 de setembro de 1905. Data esta que marca a tradicional Festa do Padre Victor. Evento que atrai devotos e romeiros de todas as parte do país. Mas Padre Victor fez muito mais que isso. Ele marcou a história do município e do povo local. Contribuiu para construção da Capela de Nossa Senhora Dajuda (hoje Santuário de Nossa Senhora DAjuda) e deixou vários ensinamentos. Além de ser reconhecido como milagreiro por vários fiéis. Em 1993, foi iniciado seu processo de beatificação. 

Venerável Madre Tereza Margarida do Coração de Maria, carinhosamente chamada de “Nossa Mãe”, nasceu em Borda da Mata(MG). Mas após sua formação religiosa, veio para Três Pontas no ano de 1962, onde fundou o Mosteiro Carmelita. No local, desempenhou suas funções com dedicação e espiritualidade e ganhou a admiração de muitos fiéis. Ela faleceu em 14 de novembro de 2005 aos 89 anos de idade. Em julho de 2011 foi iniciado seu processo de beatificação, quando recebeu o título de “Serva de Deus”. E em maio deste ano, após a fase diocesana do processo e reconhecimento do Vaticano, “Nossa Mãe” foi designada como “Venerável”.

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Luciana Félix
Supervisora de conteúdo digital do acidade on e do Tudo EP. Entrou no Grupo EP em 2017 como repórter do acidade on Campinas, onde também foi editora da praça. Antes atuou como repórter e editora do jornal Correio Popular e do site do Grupo RAC. Também atuou como repórter da Revista Veja, em São Paulo.
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