Alta no combustível, custo do aluguel de carro somado a baixa porcentagem no lucro das corridas estão fazendo muitos motoristas de aplicativo desistirem de rodar em Araraquara e região.
O entregador de aplicativo Tadeu Toshiba passa por dificuldades financeiras e é um exemplo do que vem ocorrendo no setor de locomoção e entrega por app da cidade. Ele já entregou o carro no começo do ano e começou a fazer entregas de moto.
“Atualmente eu estou fazendo apenas entregas de moto. O carro já entreguei desde o começo do ano. Mas agora com o comércio aberto caiu demais as entregas, que era onde dava para tirar dinheiro”, comenta.
Toshiba reforça que com a queda das viagens, o valor para rodar não vale a pena. Em algumas situações, ele ganha cerca de R$ 0,48 por quilometro rodado, e tem que escolher a corrida.
PAGAR PARA TRABALHAR
“Tem corridas que chega a dar quase um real por quilômetro, mas é mais difícil e quando você começa a aceitar pouco vem menos corrida ainda. Imagina se em um dia eu faço cinco corridas dessas rodo 100 quilômetros para ganhar R$8, isso ainda recebendo uma semana depois”, expõe.
Toshiba que é formado em administração de empresa diz que muitas vezes paga para trabalhar nesse modelo de trabalho. Há despesas altas com combustível, manutenção do veículo e custos com o telefone.
“Quem hoje tem dinheiro tem que arcar com as despesas de combustível e manutenção por uma semana até receber. A gente ainda arca com custo de ligação porque tem cliente que não atende a porta, ou o endereço está errado e por aí vai”, desabafa.
AJUDA
Sem dinheiro para pagar o aluguel deste mês, o motorista resolveu postar em suas redes sociais um pedido de ajuda de qualquer valor através de pix pelo email ttadeutoshiba@gmail.com .
No momento, ele procura emprego em outra área mas frisa que está muito difícil uma oportunidade.
“Quando olhamos vagas de emprego tudo exige experiência. Os donos de empresa querem sempre o melhor mas não estão dispostos a desenvolver as pessoas”, observa.
COOPERATIVA, UMA ALTERNATIVA
No início do ano, motoristas de aplicativo de Araraquara se reuniram para discutir o futuro da profissão que já apresentava desgastes devido a crise econômica.
Assim nascia Cooperativa Coomappa de motoristas de aplicativo, um modelo organizacional onde os trabalhadores são donos do próprio negócio. O lançamento oficial do aplicativo deve ser feito em dezembro.
“Esse app vai trazer muito benefício pro motorista porque as plataformas cobram do motorista de 30% a 45% de todas as corridas, com o nosso app, o motorista vai pagar só a taxa de manutenção do aplicativo, que é muito barato e uma mensalidade mínima para a cooperativa e todas as corridas que eles fizerem o lucro total é para eles, 100%” comenta Alan Corrêa, diretor comercial da Cooperativa Coomappa.
Entre os parceiros da empreitada está a Prefeitura de Araraquara, que cedeu pontos de apoio para motoristas descansarem entre corridas, beberem água e terem mais qualidade no trabalho.
“Estamos conseguindo através das parceiras pontos de apoio para descanso, tomar uma água, café, ter benefício previdenciário social e advocatício. Precisamos ter amparo para poder trabalhar hoje”, pontua.
Alan reforça que o atual momento com a alta do combustível , carga excessiva de trabalho e a política dos aplicativos convencionais inviabiliza o trabalho.
“O valor do combustível dobrou e inviabilizou a nossa categoria de estar trabalhado, juntando o valor o gasto do combustível os desconto do app o que sobra no bolso do motorista é em torno de 20%, então eles estão trabalhando mais horas ,e tendo que escolher corridas para trabalhar. Hoje os motoristas trabalham cerca de 12 horas e os apps levam cerca de 50 reais do motorista por dia, esse custo na cooperativa não terá, iremos pagar só uma taxa de 10 reais por mês e o restante é do motorista, só benefício”, comenta Alan.
O diretor comercial comenta que a cooperativa tem estatuto e um fundo social está previsto para cobrir despesas ou dificuldades financeiras de motoristas .
“Teremos um fundo social no estatuto para socorrer e cobrir despesas de algum acidente, porque os aplicativos não pagam nenhum seguro, não cobrem nada. O fundo também vai ajudar quem passa por dificuldades, como cestas básicas”, aponta.