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BairrosBeco do Mokarzel: conheça histórias de alguns moradores de Sousas

Beco do Mokarzel: conheça histórias de alguns moradores de Sousas

Localizado próximo às margens do Rio Atibaia, no distrito de Sousas, moradores do Beco do Mokarzel amargam enchentes

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Próximo ao Rio Atibaia, no distrito de Sousas, em Campinas, há um conjunto de casas. Dona Vera, uma das moradoras da ocupação conhecida como Beco do Mokarzel, estava sentada em uma cadeira em frente à entrada da casa. A região em que Verona Lúcia e tantas outras famílias moram foi ocupada há mais de 50 anos e, constantemente, precisam evacuar por causa das enchentes.

“Moro aqui [em Sousas] desde que nasci”, explica a mulher de 75 anos. Antes de morar no beco, dona Vera explica que toda a família residia na Rua Treze de Maio, no outro lado do Rio Atibaia. No dia 28 de dezembro de 2022, cerca de 44 famílias, incluindo a de Verona, na última enchente, tiveram que abandonar o beco por um curto período de tempo.

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De acordo com os pesquisadores José Américo Martins Júnior e Doraci Alves Lopes, em “Favela do Beco de Sousas em Campinas (SP): História e Habitação”, a origem da ocupação do espaço foi entendida como o momento em que “os inquilinos deixaram de pagar os aluguéis e com a demolição da maioria das chamadas “casinhas”, que aconteceu depois de uma histórica enchente em 1970”, afirmam.

“Essa última enchente que teve, a gente perdeu tudo. Só não perdemos a vida. A água foi até lá no asfalto. A gente teve que sair de barco. E a gente estava dormindo. A gente acordou com água na bunda”, relembra. Vera tem um machucado no pé, que se intensificou depois que teve contato com a água. “A gente teve que ficar em barracas, e eu com curativo no pé, que deu até bicho. Quando voltamos, apareceu outra enchente. Foram três seguidas”, diz.

Na época, a Prefeitura de Campinas registrou 147 milímetros de chuva. Já a Secretaria de Assistência Social ajudou as famílias com a distribuição de cobertores e colchões, além do fornecimento de cartões Nutrir – um programa que auxilia na alimentação de famílias em situação de vulnerabilidade.

AJUDA COMUNITÁRIA E DO PODER PÚBLICO

Dona Vera Lúcia é uma das moradoras do Beco do Mokarzel (Foto: Tudo EP/ Anthony Teixeira)

Enoque Timóteo é também morador do Beco do Mokarzel. No lugar, ele mora desde que nasceu, há 47 anos. “Aqui vira uma central de abastecimento”, explica, sinalizando com as mãos a própria casa. Segundo Timóteo, há um senso de coletividade quando os moradores do beco perdem a moradia por causa das enchentes.

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“Os munícipes ajudam com cesta básica. A igreja também ajuda muito. Agora a Prefeitura traz um caminhão e cloro”, afirma. De acordo com dona Vera, houve um planejamento da administração pública de realocar as famílias para outra região da cidade. Mas o plano não foi bem visto por alguns moradores do beco.

“Ninguém quer ir para [o bairro] Bassoli”, afirma. “A maioria nasceu aqui em Sousas e agora eles querem levar a gente para longe? Para quê? A gente criou filhos aqui em Sousas e agora querem levar lá pra longe? Está errado isso”, pondera.

Para o subprefeito do distrito de Sousas, Pedro Carlos, a subprefeitura está disponível para toda e qualquer ajuda. “Nós [subprefeitura] sempre damos o suporte que eles precisam. No passado, houve o interesse da Prefeitura de realocar em outro local, mas eles não têm interesse em sair de lá. O beco é uma área tradicional de Sousas, há moradores que estão lá há mais de 50 anos”.

Atualmente, há vontade, por parte da administração local, em elaborar um planejamento para realocação adequada dos moradores em um território dentro do distrito. Sobretudo, ainda não há informações concretas sobre onde e quando os moradores poderiam ter um novo lugar para chamar de lar.

Seja como for, Timóteo tem uma opinião do beco.

“Aqui é a minha casa. Se eu sair daqui, a minha história se perde. Isso não pode”.

Vozes da Nossa Gente

Essa matéria faz parte do Projeto “Vozes da Nossa Gente”, que tem como foco no jornalismo hiperlocal e busca uma maior conexão com a comunidade. O “Vozes da Nossa Gente” pretende inspirar com boas histórias, que são contadas de maneira humanizada pelos moradores de dez bairros da cidade.

A cada duas semanas, uma região será o foco das pautas desenvolvidas pela equipe de jornalismo do portal, que produzirá, para cada região visitada:

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  • Conteúdos interativos, que serão postados nas redes sociais do portal
  • Um mini documentário que será disponibilizado no canal do ACidade ON no YouTube.
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