Ele está localizado na Rua Pastor Samuel de Campos Chiminazzo, no bairro Cidade Satélite Íris I, em Campinas, entre uma loja de roupas e uma adega de bebidas. O mercadinho de José Roberto viu o desenvolvimento do bairro na Região Noroeste da metrópole. O comerciante está há 33 anos no bairro e, o mercado – que também oferece opção de padaria, hortifruti e açougue – funciona há mais de 20 anos.
“Esse daí, pelo que eu sei, está no bairro desde o começo, viu”, afirmou uma moradora da região. Roberto pode não ser o primeiro dos comerciantes da Cidade Satélite Íris, mas ele certamente entende como é empreender na região. Para o empreendedor, o maior desafio dos comerciantes é o receio de assaltos.
“Para o comerciante e à população, essa parte da segurança ainda está escassa”, diz. A afirmação de Roberto condiz com a última atualização da Feac (Fundação de Esporte, Arte e Cultura), de 2019, sobre violência na cidade de Campinas. Segundo o relatório, a região do Campo Grande concentra grande quantidade de notificações de violência.
Francisco José de Lima e Juliana Alvarenga são outros comerciantes tradicionais do bairro. O casal tem uma lanchonete com uma visão privilegiada da movimentada Avenida John Boyd Dunlop. “Quando a gente veio para cá, a gente comprou o espaço de um borracheiro. Era um negócio bem pequeno”, conta Juliana, que revela que o negócio existe há mais de 20 anos.
“Era mato e poeira. Hoje, está diferente”,
relembra.
“A gente poderia ser meio que um centro comercial”, José afirma sobre o Satélite Íris. De acordo com o comerciante, que mora no bairro há duas décadas, há grandes indústrias na região que poderiam beneficiar o comércio local. “Aqui falta um banco, falta um correio, entende?”.
De acordo com um levantamento da Prefeitura de Campinas, a Macrorregião Noroeste possui cerca de 145 mil habitantes. Em 2022, a estimativa, de acordo com dados do Censo de 2010, é que moravam 23.700 pessoas no loteamento. Francisco argumenta que a região poderia ter uma melhor estrutura para que os comerciantes possam prosperar com a quantidade de movimento e morador que há nas proximidades.
Roberto explica que, com o asfalto e melhorias estruturais no bairro, as condições para os comerciantes acabaram melhorando. “Antigamente, isso tudo aí na frente era terra. Tinha muito buraco. O esgoto chegou recentemente ao bairro. E melhorou bem”, explica. Ele já foi vice-presidente da Associação de Moradores no passado e explica que a união da comunidade é importante para o desenvolvimento da região.
“O pessoal está correndo bastante atrás para trazer melhorias no bairro. Por onde eu ando aqui e vejo melhoria, eu fico feliz”,
diz o empreendedor.
A região da Cidade Satélite Íris concentra também indústrias de grande porte nas áreas da siderurgia, automobilísticos e construtoras. De acordo com um mapeamento levantado pela plataforma Empresas Aqui, 95% das empresas do bairro são classificadas como microempresas, 3% são de média ou grande porte e 2% são de pequeno porte.
No bairro, há opções de comércio nas áreas de obras, beleza, transporte de cargas, varejos, manutenção elétrica, adegas, mercados, serviços de pintura, lanchonetes e restaurantes.
COMÉRCIOS NOVOS
Quem desce a Rua Heitor Lacerda Guedes, no sentido Instituto Federal Câmpus Campinas, pode observar uma região com uma pequena concentração de comércios em uma rua de terra. Lusérgio José Pereira é empreendedor e encontrou uma oportunidade no Satélite Íris de prosperar. “Eu moro aqui há quatro anos e trabalho neste comércio há dois anos e meio”, afirma.
De acordo com Lusérgio, a Rosa Balão, que é a rua onde o seu comércio foi montado, foi fundada na época em que veio a Campinas. O homem de 43 anos não é natural da região, na verdade, ele veio do Ceará e trabalhava com agricultura.
“A gente saiu do Ceará com o desejo de crescer na vida. A gente queria sair um pouco do roçado”.
Na Cidade Satélite Íris, ele afirma que o comércio é o principal sustento da família que o acompanhou até o interior paulista. “Olha, dá pra ganhar o pão. Como é uma rua nova, essa é a primeira padaria. Essa é uma boa oportunidade para nós”, diz.
Nas proximidades da rua de terra, há uma igreja, algumas casas e, não tão distante, um bar. Embora pareça uma região de pouco movimento, o empreendedor afirma que a Heitor Lacerda é palco de acidentes.
“Nos dois anos que eu tô aqui, eu já presenciei mais de 15 acidentes de moto. Nos horários de pico aqui é terrível”.
Sobre o movimento intenso, ele acredita que pode trazer mais gente aos comércios da Heitor Lacerda Guedes, mas é necessário um olhar da Prefeitura. “Eles tinham que colocar duas lombadas aqui pra ficar bom de verdade”.
Por outro lado, o empreendedor reconhece que a própria rua já recebeu mais infraestrutura. “Água mesmo, chegou há pouco. Eles vieram cavar uns cavaletes aqui. Agora a luz está faltando”, afirma.
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