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BairrosDistrito de Sousas: comerciantes revelam desafios de empreender

Distrito de Sousas: comerciantes revelam desafios de empreender

Bares, mercados, restaurantes oferecerem opções de lazer para o turista e morador do distrito de Sousas, em Campinas

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Nas proximidades da Ponte Adhemar de Barros, no distrito de Sousas, em Campinas, há um pequeno centro comercial que já atravessou décadas. João Paulo Peria estava atrás de um balcão de época e, na parede do fundo, com prateleiras e garrafas, havia uma foto com dois homens.

“Esse é o meu pai e o meu tio”,

ele explica.

Peria trabalha em um bar no centro do distrito, não tão longe da igreja Santana. O comércio existe há 88 anos e ainda conserva objetos da década de 50, época em que a família comprou o lugar. “A construção é desde 1935. A minha família comprou em 1949 e reformou em 1959. Então, já passou pelo meu bisavô, e o meu pai começou em 1969 com o meu tio e eles foram até 2016”, explica.

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Segundo o comerciante, o distrito de Sousas tem um benefício por ter um turismo forte no município. “Muita gente vem no final de semana”, diz. Para ele, o fluxo de pessoas e a segurança no lugar que atua também são positivas. “A gente só fecha cedo por precaução mesmo”, revela.

Durante a década de 70, a pesquisadora Zuleika Godoi Gomes, na obra “Monografia Histórica e Estatística do distrito de Sousas”, traçou um perfil dos comércios existentes no lugar. Entre eles, ela listou 7 armazéns de secos e molhados, 2 barbearias, 9 bares, 3 casas de carne, 1 loja de eletrodomésticos, 3 lojas de armarinhos, 1 loja de materiais de construção, 2 padarias, 3 postos de gasolina e 3 churrascarias.

Atualmente, de acordo com um levantamento da plataforma EmpresasAqui, em 2023, 62% dos empreendimentos em Sousas foram classificados como microempresas, enquanto 33% eram de médio e grande porte e outras 6% de pequeno porte. Entre essas, destacam-se aquelas que oferecem serviços e produtos aos turistas, como padarias, restaurantes, bares e pizzarias.

Francisco Lopes tem uma loja de auto peças no centro de Sousas há 30 anos. “Estamos aqui batalhando no dia a dia para sobreviver”, afirma. O ponto em que está instalado não é ruim. Na avaliação do comerciante, há um bom fluxo de pessoas durante a semana.

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“Na época que eu abri, as lojas de auto peças tinham mais no centro de Campinas”.

No início, ele afirma que foi desincentivado por alguns colegas. “Eles falavam: ‘como que você vai abrir uma loja dessas no bairro? Não vai dar certo’”. Atualmente, Chico, como é conhecido pelos amigos do distrito, abre um sorriso ao relembrar que o investimento deu certo. “Sabe, eu sou o pioneiro aqui em Sousas”.

Durante a década de 80, pouco depois da pesquisadora Zuleika ter feito o levantamento do perfil comercial do distrito, Chico diz que a quantidade de comércios não supria a necessidade dos moradores. “Hoje, você tem opção de farmácia, você tem opção de açougue, de mercado. Então, nem para o centro de Campinas eu vou. Eu fico aqui em Sousas”, diz.

Para se destacar no lugar, Peria revela que não basta entender apenas as tradições de Sousas. “Você tem que ter um bom atendimento, tem que ter qualidade de produtor e tem que saber fazer amizade”. Sobretudo, o lugar, por mais oportunidades que possa oferecer, sofre com um problema de mobilidade.

“Aqui nós temos uma tradição, mas o problema maior é o estacionamento. A rua é estreita e não tem estacionamento para todos. O importante seria estacionamento, para atender o centro”,

diz.

“Estamos batalhando, hoje está difícil”, afirma Francisco, que, embora elogie a diversidade comercial do distrito atualmente, entende que a concorrência também aumentou. “Tem muitas firmas grandes, então cada um está batalhando no seu estamos”.

COMÉRCIO DO BAIRRO

Chico, como é conhecido em Sousas, tem uma loja de auto peças há 30 anos (Foto: Tudo EP/ Anthony Teixeira)

No bairro Vila Santana, no distrito de Sousas, em Campinas, Maria Cordeira está desde 1978. Ela é moradora, mas também tem uma mercearia próximo à Praça de Esportes Dr. Carlos Andrade Pinto, constantemente frequentada para jogos de futebol e basquete pelos moradores. “Está sempre modificando”, ela diz sobre o bairro.

A fala de Maria também diz sobre o próprio comércio, que tem os próprios moradores e frequentadores da praça como público-alvo, que também é a sua casa. O espaço de atendimento é dividido por uma grade que dá acesso à rua, lugar que os fregueses costumam ficar. “Aqui, eu sempre busquei atender muito bem o meu comércio”. E assim ela, desde o final da década de 70, ela busca trazer melhorias.

“O bairro é muito calmo. Tem muito sossego”, ela faz a avaliação. “Mas essa praça aqui, eu acho que deveria ter um portão na frente, porque tem vezes que a criançada sai correndo para cá e é perigoso atravessar a rua, sabe?”, diz.

O portão da praça voltado ao seu comércio vai além do que ela pode fazer e, na verdade, ela não tem muitas queixas sobre dias em que não há muito fluxo e nem mesmo sobre a concorrência de mercados maiores na movimentada Avenida Dona Júlia Conceição Alves, não tão longe de onde Maria trabalha.

No outro lado do bairro, quem olha na direção da Avenida Dr. Antônio Carlos Couto de Barros, no horizonte, pode ver um campo aberto que um dia foi uma fazenda. No espaço do campo aberto, sinais de um enorme empreendimento podem ser vistos. Ali, será um condomínio, o Ville Sainte Anne, que, para Maria, será positivo para os comerciantes.

“Eu vou te falar a verdade”, ela diz. “Eu penso que o nosso bairro vai valorizar. As nossas casas velhas e o nosso comércio vai valorizar”, diz. Agora, sobre a popularidade do bairro, ela tem uma impressão.

“Eles consideram aqui como um bairro rico. Mas não é não, aqui é lugar de gente humilde”.

Vozes da Nossa Gente

Essa matéria faz parte do Projeto “Vozes da Nossa Gente”, que tem como foco no jornalismo hiperlocal e busca uma maior conexão com a comunidade. O “Vozes da Nossa Gente” pretende inspirar com boas histórias, que são contadas de maneira humanizada pelos moradores de dez bairros da cidade.

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