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BairrosLargo de Santa Cruz: conheça histórias que já passaram pela antiga praça do Cambuí

Largo de Santa Cruz: conheça histórias que já passaram pela antiga praça do Cambuí

Histórias extraordinárias e importantes para Campinas já foram presenciadas e registradas no Largo de Santa Cruz

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Há uma praça no coração do bairro Cambuí, em Campinas. Ela é espaçosa,muitas árvores, uma academia da terceira idade, um parquinho para as crianças, painéis informativos sobre a história do lugar e, também, uma capela. A Praça 15 de Novembro, conhecida popularmente como Largo de Santa Cruz, é um dos pontos mais antigos de Campinas.

De acordo com o historiador do Museu da Cidade Américo Villela, a região surgiu por influência das antigas rotas que tropeiros faziam de Goiás até os sertões de Minas Gerais em busca de ouro. Segundo o estudioso, ao longo de todo o “Caminho dos Goiases”, como o percurso ficou conhecido, eles realizaram pousos e, desses pousos, pequenos agrupamentos passaram a surgir. Um desses viria a ser o que hoje se conhece por “Largo de Santa Cruz”.

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Para o historiador Amaral Lapa, na pesquisa “Reconstituição do traçado da “estrada dos Goiases” no trecho da atual mancha urbana de Campinas”, do pesquisador Pedro Francisco Rossetto, o Largo de Santa Cruz “era o terceiro caminho das três clareiras na mata que deram origem ao povoamento local e à cidade”.

Segundo informativos oficiais do Município, o lugar já foi palco de inúmeros eventos históricos, com destaques à Guerra do Paraguai e a um episódio emblemático de enforcamento público. “Na região que hoje é o Largo, acamparam 1.680 homens”, explica Villela. O episódio diz respeito às tropas que partiram de Santos ao Mato Grosso entre os anos de 1865 e 1870.

Já o enforcamento ocorreu em 9 de novembro de 1835 com Elesbão, um escravo que teria assassinado o senhor, que se chamava Luiz José de Oliveira. Por este motivo, a própria praça passou a ser conhecida como “Praça da Forca” e proporcionou uma discussão que atravessa eras.

De acordo com Valdir Oliveira, pesquisador e estudioso do episódio, ao IHGG (Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico) de Campinas, no artigo “O Caso Elesbão: A (IN) Justiça a Serviço da Elite”, explica que o assassinato impactou na elite da época. “O poder financeiro da Vila de São Carlos [atual Campinas] estava desfigurado pela ousadia do ato, talvez realizado por aquelas mercadorias, os escravizados. Desse momento, todas as ações se voltariam a fazer justiça a qualquer preço, não existindo intenções de um julgamento justo, com provas legais”.

CAPELA DE SANTA CRUZ

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Largo da Santa Cruz, hoje Praça 15 de Novembro, tem uma relação com a história de Campinas (Foto: Reprodução)

No outro lado da rua, há um pensionato de irmãs dominicanas, que faz parte da Capela de Santa Cruz. A irmã Theresinha recepcionou as primeiras perguntas sobre a história do lugar com um sorriso simpático no rosto. “Nós também somos da ordem da educação”, diz a mulher, que também é professora. 

De acordo com informações oficiais do município, a congregação, da qual faz parte a dominicana, surgiu em Portugal na primeira metade do século XIX. Em 1911, o grupo religioso veio para Campinas, com esforços da irmã Madre Santo Inocêncio Lima. E, um ano depois, a Igreja as acomodou em um imóvel anexo à Capela, que remonta ao século XVIII.

“Depois disso, as irmãs fundaram algumas escolas também. Em Limeira, temos o colégio São José”, explica a irmã, que leva um recorte de jornal em mãos, para se recordar da história do lugar. Theresinha fazia referência à data de 1920, quando o colégio na cidade vizinha foi fundado.

“É um trabalho intensivo. Eu fui aluna e trabalhei lá”,

diz.

Além da religião, a arte e a cultura parecem prevalecer no espaço, que, atualmente, é preservado pelo trabalho de seis dominicanas. “Na verdade, há mais [irmãs]. Estamos em 18, mas muitas estão acamadas”, diz. No pátio em frente à Capela, há salas que lembram um pequeno vilarejo. De uma das largas janelas, foi possível observar uma mulher concentrada, com um pincel na mão e uma tela em frente ao rosto. E, dessa maneira, o grupo leva o dia-a-dia: entre serviços religiosos, cuidados com os quadros e livros, e estudos das mais diversas artes.

Da mesma maneira, Theresinha também busca entender a arte da educação. “Eu queria ser professora e eu sou professora. Eu fiz o colégio até me formar como professora e entrei na congregação”. Atualmente, ela ajuda a manter a histórica Capela em ordem, mas revelou um currículo amplo.

“Eu sou pedagoga, eu fiz administração escolar, eu fiz contabilidade, fiz orientação educacional, toda essa parte, eu fiz. E sempre dois cursos de cada vez”,

explica.

No Cambuí, Theresinha já está há muitos anos, mas ela também já teve oportunidade de conhecer outros lugares do Brasil. “Eu já morei aqui [Campinas], já morei em Limeira, e depois de religiosa, fui a Pernambuco, ao Piauí. Em janeiro deste ano, eu já voltei para cá, estava, de novo, em Limeira”.

Assim como a dominicana tem boas lembranças da Capela no passado, ela diz que já testemunhou outras pessoas que conservam memórias agradáveis. “Tem um senhor que vem aqui há 50 anos e diz que foi aluno. Ele disse diante de todo mundo. Foi para Brasília e voltou para cá”.

VISITAÇÃO

A Capela de Santa Cruz pode ser visitada pelo público. Para a gente um horário é preciso entrar em contato com a coordenação do espaço. O número de contato é: (19) 3370-2165.

Vozes da Nossa Gente

Essa matéria faz parte do Projeto “Vozes da Nossa Gente”, que tem como foco no jornalismo hiperlocal e busca uma maior conexão com a comunidade. O “Vozes da Nossa Gente” pretende inspirar com boas histórias, que são contadas de maneira humanizada pelos moradores de dez bairros da cidade.

A cada duas semanas, uma região será o foco das pautas desenvolvidas pela equipe de jornalismo do portal, que produzirá, para cada região visitada:

  • Matérias especiais que serão publicadas no ACidade ON Campinas
  • Conteúdos interativos, que serão postados nas redes sociais do portal
  • Um mini documentário que será disponibilizado no canal do ACidade ON no YouTube.
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Anthony Souza
Anthony Souza
É jornalista e analista de Mídias Digitais Jr. do Grupo EP. Tem experiência com reportagens multimídia e produção de web documentário. É formado em jornalismo pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e tem afinidade com produção e edição de conteúdo para as redes sociais. Está no grupo desde 2022.
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