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BairrosResistência e orgulho no Satélite Íris: Descubra como é morar neste bairro de Campinas

Resistência e orgulho no Satélite Íris: Descubra como é morar neste bairro de Campinas

Cidade Satélite Íris tem um dos índices mais cruciais de vulnerabilidade social de Campinas, mas abriga histórias de resistência e orgulho

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Nos entornos da John Boyd Dunlop há um complexo extenso de casas que parece não ter fim. Quem desce no Terminal BRT (Bus Rapid Transit) Satélite Íris, no sentido ao bairro, tem a impressão de estar em, de fato, uma pequena cidade longe do centro da metrópole. Muitas casas, entre ruas largas e outras apertadas, ainda sem revestimento ou pintura, abrigam novos e velhos moradores. 

Aurindo José de Souza, conhecido como Cobra, é aposentado e tem uma oficina de sucatas e ferro velho. Ele se lembra quando, além da casa dele e de outras poucas espalhadas na região, só havia mato.

“Eu tenho 27 anos morando no mesmo lugar. Eu cheguei aqui e era só buraco, era bananal. Aqui era cheio de buracos. Quem aterrou isso aqui foi eu”.

Rosa Gomes é a atual presidente da Associação de Moradores do Satélite Íris I, ela confirma a história. “No passado, foram os próprios moradores que abriram as ruas e vielas. A gente foi construindo”, diz. De acordo com ela, o principal desafio hoje enfrentado é a regularização latifundiária. “Esse é um problema sério, cerca de 65% moram em regiões irregulares”, afirma.

Embora haja ainda muitos desafios a serem enfrentados no bairro, o Cobra tem orgulho do que fez no lugar que resolveu chamar de lar. Na Cidade Satélite Íris, ele construiu uma vida, fez amigos e abrigou toda uma família. No outro lado da rua, nas sombras de um chapéu de vaqueiro e sentado em um banco de madeira, ele observava a casa de muros pretos.

“Aqui, eu nunca fiz inimigos. Nunca precisei sair “espirrado” de nada. Sei conviver com todo mundo. Eu tenho três filhos aqui”,

diz.

No Satélite Íris, ele explica que não foi o primeiro morador da rua, mas o segundo. “Olha, eu lembro que morava no Campos Elíseos. Eu vim aqui comprar carne de boi do homem que morava aqui”. Sobre orgulhos e vivências, Cobra explica que a maior gratificação é estar vivo. “Eu me sinto feliz, eu e meus filhos, nenhum de nós temos inimigos. Estamos bem”.

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DESAFIOS QUE AINDA PRECISAM SER ENFRENTADOS

De acordo com os pesquisadores Pedro Copola e Cristina de Campos, no artigo “Políticas de Planejamento Urbano em Campinas: um estudo de caso sobre o bairro Cidade Satélite Íris”, a região do distrito Campo Grande, no noroeste de Campinas, lugar que está a Cidade Satélite Íris, é amargurado com o título de um dos piores em desenvolvimento urbano e social do município. 

Segundo um estudo promovido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas), em parceria com a Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base no Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a região se equipara a outras 12 áreas da cidade que compartilham a posição.

Para Cobra, ainda há muito o que fazer para reverter a realidade de quem vive no populoso bairro. “A gente precisa de mais creche. A gente até tem uma [nas redondezas], mas é pequena, não cabe todo mundo. E cadê? Não estou vendo ninguém se movimentando”. O morador tradicional explica que o bairro também não conta com Corpo de Bombeiros, o que gera uma sensação de insegurança a muitas pessoas.

“Olha, eles podem até “desmantelar” a minha casa aqui, mas a gente precisa de um Corpo de Bombeiros. Tinha uma área para cobrir o Campo Grande e o Ouro Verde. Agora, eles têm que sair lá do Jardim do Lago para cobrir aqui, chefe?”,

questiona.

De acordo com o setor de comunicação social do Sétimo Grupamento de Bombeiros, há uma negociação de instalação de duas unidades do serviço – uma no Campo Grande e outra no Outro Verde, mas ainda não há previsão de quando e onde serão instaladas. 

Segundo o líder comunitário do Núcleo Residencial Parque Íris, Marcos Antonio Pires, a questão dos bombeiros é um assunto sério na comunidade. “Recentemente, houve um incêndio ali no [bairro] Florence 2. Quando o Corpo de Bombeiro chegou, já tinha desabado tudo”. Pires faz referência ao fogo que se alastrou por três barracos no Parque da Amizade no final de agosto deste ano. Na ocasião, 20 profissionais tentaram conter as chamas. Nenhuma pessoa ficou ferida, mas o fogo condenou a vida de dois cachorros.

Vozes da Nossa Gente

Essa matéria faz parte do Projeto “Vozes da Nossa Gente”, que tem como foco no jornalismo hiperlocal e busca uma maior conexão com a comunidade. O “Vozes da Nossa Gente” pretende inspirar com boas histórias, que são contadas de maneira humanizada pelos moradores de dez bairros da cidade.

A cada duas semanas, uma região será o foco das pautas desenvolvidas pela equipe de jornalismo do portal, que produzirá, para cada região visitada:

  • Matérias especiais que serão publicadas no ACidade ON Campinas
  • Conteúdos interativos, que serão postados nas redes sociais do portal
  • Um mini documentário que será disponibilizado no canal do ACidade ON no YouTube.
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