O nome “Anchieta” é comum em Campinas. Na cidade, por exemplo, há uma avenida, um córrego e um busto que fazem homenagem a José de Anchieta, o padre que, também, leva o nome de um dos bairros do município: o Conjunto Habitacional Padre Anchieta. Embora seja comum no estado de São Paulo, enquanto personagem histórico, ele não tem relação direta com a formação de Campinas.
“Anchieta e Padre Manuel da Nóbrega, enquanto personagens históricos, não têm nenhuma relação com a cidade de Campinas, pois viveram no século XVI”,
explica o historiador da Prefeitura Municipal Américo Villela.
Segundo o estudioso, Anchieta foi um dos fundadores do colégio que deu origem à cidade de São Paulo. “Ele foi um personagem importante na luta pela expulsão dos franceses do Rio de Janeiro e por isso alguns o consideram fundador da cidade do Rio”, diz.
Em uma carta do século XVI, logo após de iniciarem os trabalhos de catequese, Anchieta escreveu: “Nesta aldeia, 130 índios foram chamados para a catequese e 36 para o batismo, os quais são todos os dias instruídos na doutrina, repetindo orações em português e na própria língua”.
Além de trabalhos religiosos no colégio de São Paulo, pesquisadores explicam que Anchieta também atuou como poeta, teatrólogo, gramático e historiador. Entre as obras mais famosas, há: Auto da festa do Natal (1561), Dos grandes feitos de Mem de Sá (1563), Poema da Bem-aventurada Virgem Maria, mãe de Deus (1563). Auto da festa de São Lourenço (1583), Na aldeia de Guaraparim (1585), Auto de Santa Úrsula (1595) e Auto de São Maurício (1595).
No Espírito Santo, na aldeia de Reritiba, em 9 de junho de 1597, o religioso morreu. Quase cinco séculos depois, em 22 de junho de 1980, o papa João Paulo II beatificou o padre José de Anchieta. Em 3 de abril de 2014, Anchieta foi canonizado e declarado santo pelo Papa Francisco.
LEIS EM CAMPINAS
![](https://www.acidadeon.com/campinas/wp-content/uploads/sites/5/2023/10/Mapa-Padre-Anchieta-1024x724.jpg)
De acordo com a Prefeitura Municipal, o loteamento do Conjunto Habitacional Padre Anchieta, construído durante a década de 70, foi aprovado pelo Decreto 8.614-23/09/1985, em área da Cohab (Companhia de Habitação Popular de Campinas), localizada no Distrito de Nova Aparecida. Embora a figura histórica não tenha relação direta com Campinas, a influência da religião católica aparece em algumas leis.
No decreto n° 6.083 de 2 de julho de 1980, por exemplo, data em que o papa João Paulo II visitou o Brasil, a Prefeitura de Campinas estabeleceu o nome do religioso em uma das avenidas do bairro. Além de João Paulo II, o cardeal Dom Agnelo Rossi, Dom Antonio Maria Alves de Siqueira e Dom Gilberto Pereira Lopes também foram eternizados nas ruas do Padre Anchieta.
Em Campinas, referências à Avenida Anchieta aparecem bem antes. Em 1938, 44 anos antes da inauguração do bairro Padre Anchieta, Campinas investiu em melhorias urbanas e a avenida foi contemplada. O inciso é o 3° do artigo um do ATO 118, que previa alargamento da Rua General Osório entre a Rua José Paulino e Avenida Anchieta. O mesmo documento também previa o alargamento da Rua Major Solon entre a Travessa Irmãos Bierrembach e a Avenida Anchieta.
Vozes da Nossa Gente
Essa matéria faz parte do Projeto “Vozes da Nossa Gente”, que tem como foco no jornalismo hiperlocal e busca uma maior conexão com a comunidade. O “Vozes da Nossa Gente” pretende inspirar com boas histórias, que são contadas de maneira humanizada pelos moradores de dez bairros da cidade.
A cada duas semanas, uma região será o foco das pautas desenvolvidas pela equipe de jornalismo do portal, que produzirá, para cada região visitada:
- Matérias especiais que serão publicadas no ACidade ON Campinas
- Conteúdos interativos, que serão postados nas redes sociais do portal
- Um mini documentário que será disponibilizado no canal do ACidade ON no YouTube.