Ela está localizada na Rua Humaitá, n° 172, no distrito de Sousas, em Campinas. Um lance de degraus dá acesso a uma porta de madeira. Em cada um dos lados da porta, janelas perfeitamente simétricas, em suas dimensões. Na parte de cima, há um número gravado: “1894” e, ainda mais para cima do edifício, os dizeres: “Societá Italiana Lavoro e Progresso”.
“Envolve muita coisa”, o genealogista Hélio Beltramelli faz um alerta sobre a história do espaço. “São 129 anos de história. São muitas épocas e adaptações diferentes”, diz. “Houve muita coisa que também se perdeu no processo”. Embora histórias orais e outros documentos que trazem informações da Sociedade Italiana do distrito tenham se perdido, sabe-se muita coisa da Associação.
De acordo com a pesquisadora local Zuleika Godoi Gomes, a sociedade foi fundada em 21 de agosto de 1894 e tinha como diretoria os seguintes nomes: Domênico Caspini, Aniceto Spotte, Pompílio Rossi, Guglielmo Bacaglini, Lorenzo Dal Porto, Arturo Castagno, Giuseppe Crepoldi, Giuseppe Rinaldi, Carlo Caspon, Paolo Grande, Vincenzo Cassini, Gioacchino De Gasperi, Felice Leoni e Stefano Chierighetti.
Para a escritora e genealogista Romilda Aparecida Cazissi Baldin, para o IHGG (Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico) de Campinas, há uma crença de que os primeiros italianos emigrados no município possam ter sido discriminados.
“No caminho para as fazendas ou nas cidades eram vítimas de pessoas inescrupulosas porque não conheciam a língua, os costumes”,
explica.
Segundo Beltramelli, antes da fundação da Sociedade Italiana do distrito, houve a fundação do “Circolo Italiani Uniti” de 1881, em Campinas, como uma escola. “Depois veio a febre amarela [em Campinas] e eles cederam o espaço para o cuidado dos enfermos”. O genealogista explica que os primeiros anos dessas sociedades tinham, portanto, a ajuda mútua aos imigrantes como principal objetivo.
“Mais tarde, começaram a aparecer planos de saúde, as empresas passaram a oferecer e as sociedades não conseguiam mais bancar a parte hospitalar”, explica. “As contribuições [dos associados] eram pequenas e os remédios foram encarecendo”.
Em 1938, com a Campanha de Nacionalização, promovida pelo então governo de Getúlio Vargas, a Sociedade Italiana de Sousas precisou fazer mudanças em seu estatuto. “Aqui tinha como nome original Societá Italiana de Mutuo Soccorso, Lavoro e Progresso, em sequência, todas as instituições precisaram se adaptar”.
VALORES DA INSTITUIÇÃO
Atualmente, a instituição tem trabalhos que buscam fortalecer e preservar a cultura e as tradições italianas. Entre cursos de idioma até gastronomia, o espaço oferece diversas programações típicas ao longo do ano. Hélio cita a festa da Befana, comemorada em 6 de janeiro; o jantar comemorativo da inauguração da sede, em 18 de março; a festa de Santo Antônio de Pádua, em 13 de junho; o aniversário de fundação, em 21 de agosto; e o dia de São Francisco de Assis, em 4 de outubro.
“É um espaço de resistência”, diz Beltramelli sobre a instituição. “Esse foi o primeiro espaço que a comunidade italiana e a comunidade do distrito de Sousas puderam ter contato com a cultura”, explica.
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