Os organizadores do show sertanejo que terminou com duas mortes na madrugada de domingo (20), em Piracicaba, foram intimados e devem prestar depoimento ainda nesta segunda-feira (21). A Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) quer saber se havia cadastro das pessoas e como era o esquema de segurança do evento. Ainda não há horário definido para a oitiva.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Juliana Ricci, o fotógrafo oficial dos shows foi ouvido e forneceu cerca de 500 fotos do público presente nas apresentações. Além disso, uma das testemunhas disse que conseguiria reconhecer o criminoso. Com isso, os investigadores esperam identificar o atirador. Ao todo, cerca de 4 mil pessoas estavam no local, no distrito Unileste.
Ainda conforme Ricci, as duas pessoas que morreram estavam na pista VIP, próximas ao camarote. Já os dois jovens baleados estavam na pista comum. Por esse motivo, a polícia quer verificar com os responsáveis se havia uma lista de nomes presentes nesses setores. A empresa se manifestou por nota (leia abaixo).
Enviados para análises, os exames do IML (Instituto Médico Legal) e da perícia ainda não estão prontos. Segundo a Deic, os resultados vão mostrar quantas munições atingiram cada vítima e também que tipo de armamento foi usado.
Por enquanto, o autor do crime deve responder por quatro crimes: dois homicídios qualificados consumados e dois homicídios qualificados tentados.
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INVESTIGAÇÃO
A confusão no show sertanejo que terminou com a morte de duas pessoas, em Piracicaba, começou depois do desentendimento de um casal. Uma das vítimas teria tentando evitar a briga quando o autor dos disparos sacou a arma e atingiu quatro pessoas que assistiam a apresentação. A versão está no boletim de ocorrência sobre o caso.
Os disparos foram feitos após uma confusão durante a apresentação da dupla Hugo & Guilherme, no distrito Unileste. Ao todo, quatro pessoas foram atingidas pelos tiros. Uma mulher de 23 anos e um homem de 26 não resistiram aos ferimentos. Dois homens ficaram feridos e um deles continua internado.
VÍTIMAS E FERIDOS
As imagens feitas por pessoas que estavam no show mostram a jovem Heloise Magalhães Capatto baleada no chão e alguém tentando reanimá-la. A estudante de Odontologia morreu no local. Em sinal de respeito, a Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Unicamp, decretou luto oficial de três dias.
Os disparos também atingiram Leonardo Victor Cardozo, que também morreu no espaço da apresentação. De acordo com o boletim de ocorrência, a confusão começou depois de um desentendimento de um casal. Leonardo teria tentando evitar a briga quando o autor dos disparos sacou a arma.
Outros dois homens também foram baleados. Um deles levou um tiro atrás da cabeça e continua internado. O outro, foi ferido de raspão e narrou os momentos de tensão vividos por ele e pelo público durante a confusão e os tiros.
“Eu só ouvi o povo correndo, fui correr, senti que queimou e saí andando pra sair de lá né? O meu caso, felizmente, foi de raspão”, desabafa a vítima ferida.
FALHA NA REVISTA?
Em relato feito à EPTV Campinas, os irmãos Márcia Mazzero e Luis Gustavo dos Santos, que estavam no evento, detalharam que houve falha na revista antes da apresentação. Além disso, contaram como foi a correria logo após os disparos e dizem não ter visto saídas de emergência, ou equipes socorrendo as vítimas.
“Não revistou. Só olhou e liberou. Minha amiga estava com uma bolsa e eles nem pediram pra abrir”, detalha Márcia. Já o jovem diz que passou por uma verificação rápida. “Só apertaram o meu bolso. Eu estava com celular e chave nas mãos. Eles apertaram meu bolso e mandaram entrar”, afirma Luis Gustavo.
O QUE DIZ A EMPRESA
A Burn19 Produções, empresa organizadora do evento, emitiu um comunicado sobre o caso. “A organização do evento presta toda a solidariedade às vítimas deste terrível episódio, se colocando à disposição das autoridades, e ainda está aguardando apuração da Polícia Civil e Polícia Militar para poder se posicionar com mais informações do ocorrido”, disse em nota.
A empresa também informou que a festa contava com documentos legais e alvará para funcionamento, e que no local do evento também teve revista pessoal e seguranças particulares, além de atendimento ambulatorial.
“Vale ressaltar que a festa contava com todos os documentos legais e alvará para estar acontecendo. No local do evento, também teve revista pessoal e seguranças particulares, além de atendimento ambulatorial, assim como aconteceu na primeira edição do evento, que ocorreu no mês de março deste ano”, finaliza a nota.