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Brasil e MundoTemporal em Petrópolis, no Rio, deixa ao menos 80 mortos

Temporal em Petrópolis, no Rio, deixa ao menos 80 mortos

Ao todo, 377 pessoas estão desabrigadas; vários pontos do centro estão bloqueados

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Bombeiros, voluntários e moradores carregam corpo em Petrópolis (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Bombeiros, voluntários e moradores carregam corpo em Petrópolis (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

 

Por Fábio Grellet, Marcio Dolzan, Jessica Brasil e Roberta Jansen
Ao menos 80 pessoas morreram, entre elas oito crianças, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, após deslizamentos e alagamentos causados pelas fortes chuvas que atingiram a cidade na tarde de terça-feira (15); 377 pessoas estão desabrigadas. Vários pontos do centro estão bloqueados e as aulas da rede pública foram suspensas. A prefeitura orienta que os moradores evitem sair de casa e é prevista chuva de fraca ou moderada intensidade nesta quarta-feira (16).

Segundo o órgão, foram contabilizados 229 ocorrências, dos quais 189 são por deslizamentos. Mais de 180 militares trabalham no atendimento à população. Equipes especializadas em busca e salvamento foram enviadas para reforçar o socorro, com apoio de viaturas do tipo 4×4 e botes. Oito ambulâncias extras foram empenhadas para atender a região e outras 10 viaturas do Corpo de Bombeiros do Estado foram enviadas para a cidade na madrugada desta quinta-feira.

No local conhecido como Morro da Oficina, no Alto da Serra, a Defesa Civil estima que 80 casas tenham sido afetadas. Em outras regiões, como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila Felipe, Vila Militar e nas ruas Uruguai, Whashington Luiz e Coronel Veiga também há registros de ocorrências. Foram mobilizados agentes de diversas secretarias, como de Obras, Serviço, Segurança e Ordem Pública, Saúde, Educação, além da Companhia Municipal do Desenvolvimento de Petrópolis e CPTrans para atender a população.

Até a última atualização da Defesa Civil, 184 pessoas estão recebendo suporte da prefeitura nos pontos de apoio, que foram abertos no Centro, São Sebastião, Vila Felipe, Alto Independência, Bingen, Dr. Thouzete e Chácara Flora.”Orientamos a população que ao sinal de qualquer instabilidade nas áreas em que residem, que procure o ponto de apoio e nos acionem”, destacou o secretário de Defesa Civil, o Tenente Coronel Gil Kempers. Em caso de emergência, a Defesa Civil orientar ligar 199.

Em uma hora choveu 113 milímetros em Petrópolis – em seis horas, a chuva atingiu 175 milímetros, o equivalente a um mês inteiro. Além de dezenas de pontos de alagamento, o temporal arrastou carros e causou a queda de barreiras.

A Rodovia Rio-Petrópolis foi parcialmente interditada na altura do km 82, nas imediações do terminal rodoviário do Bingen, devido à queda de uma barreira. A prefeitura informou ainda ter decretado estado de calamidade pública em virtude das fortes chuvas que afetaram a cidade. “Equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento de vítimas. Além da Defesa Civil, agentes da Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis, de Serviços, Segurança e Ordem Pública, de Obras e de demais áreas do governo seguem no suporte às 95 ocorrências registradas até o momento”.

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Segundo a prefeitura, trechos inundados ou alagados por causa do volume elevado de chuva começaram a ser liberados, facilitando o acesso do socorro por parte dos órgãos competentes, como Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. O núcleo de chuva que atuou no município se afastou da cidade no fim desta terça-feira, segundo a prefeitura, mas permanece a previsão de chuva nas próximas horas, com intensidade fraca a moderada.

A maior parte dos deslizamentos foi registrada nas localidades do Quitandinha, Alto da Serra, Castelânea, Centro, Coronel Veiga, Duarte da Silveira, Floresta, Caxambu e Chácara Flora. Houve alagamentos por diversos pontos da cidade – os 11 registrados pela Defesa Civil foram das regiões do Alto da Serra, Corrêas, Centro e Mosela.

Em 2011, as fortes chuvas na Região Serrana do Rio deixaram mais de 900 mortos. É considerada a maior tragédia climática da história do Brasil. Em 2001, foram 57 mortos em Petrópolis. Em 2013, outra tragédia por causa da chuva, com 33 mortos.

‘SITUAÇÃO DE GUERRA’

O governador do Rio, Claudio Castro, esteve no Morro da Oficina, em Petrópolis, o local onde houve mais deslizamentos e vítimas, onde estão concentrados os esforços de resgate. Ele descreveu o cenário como uma “situação quase que de guerra”.

Pelo menos 24 pessoas foram resgatadas com vida. “Toda a nossa equipe está mobilizada: Corpo de Bombeiros, secretarias e demais órgãos do estado”, afirmou o governador.”Atuamos no resgate e salvamento de vítimas, desobstruindo estradas, atendendo pessoas que perderam seus bens, com medicamentos e remoções, entre outras ações.”

O secretário de Estado de Defesa Civil, coronel Leandro Monteiro, falou sobre o trabalho de resgate. “Há uma grande equipe concentrada no Morro da Oficina, onde acreditamos ter o maior número de vítimas ainda soterradas”, disse Monteiro. “Estamos com 400 militares mobilizados e atuando em 44 pontos atingidos pelo temporal. Montamos um hospital de campanha com 10 leitos onde as vítimas recebem o primeiro atendimento.”

AUXÍLIO IMEDIATO

O presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu aos ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) “auxílio imediato” às vítimas das chuvas em Petrópolis (RJ).

“De Moscou tomei conhecimento sobre a tragédia que se abateu em Petrópolis/RJ. Fiz várias ligações para os Ministros @rogeriosmarinho e Paulo Guedes para auxílio imediato às vítimas, bem como conversei com o @DefesaGovBr General Braga Netto, que me acompanha na Rússia”, publicou no Twitter o presidente, que está em visita oficial à Rússia.

De acordo com Bolsonaro, ele também conversou com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). “Retorno na próxima sexta-feira e, mesmo distante, continuamos empenhados em ajudar ao próximo. Deus conforte aos familiares das vítimas”, finalizou o chefe do Executivo, na mesma rede social.

2011

Em 2011, a região serrana do Rio viveu outra catástrofe natural por causa de chuvas e deslizamentos de terra, considerada a maior catástrofe climática do Brasil. Na época, em poucas horas, um temporal na madrugada do dia 12 de janeiro matou mais de 900 pessoas em três municípios – 130 em Teresópolis; 97 em Nova Friburgo; e 18 em Petrópolis, cidade atingida pelas chuvas desta vez. (Colaborou Eduardo Gayer)

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Leandro Las Casas
Leandro Las Casas
Graduado pela PUC-Campinas desde 2011, atua há 14 anos no Jornalismo, área na qual cobriu sete eleições, participou de grandes coberturas e esteve a frente de podcasts e projetos de assessoria. Começou a carreira na rádio CBN Campinas, onde foi estagiário, repórter e apresentador. No acidade on Campinas, assina matérias e reportagens de todas as editorias desde 2021.
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