Depois que a GM (Guarda Municipal) de Campinas removeu um grupo do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de uma fazenda às margens da Estrada da Servidão, no Parque Shangrilá, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), disse que não vai aceitar novas invasões em áreas do município.
A afirmação foi feita no perfil oficial dele na rede social X, antigo Twitter, onde compartilhou uma notícia sobre a ocupação da propriedade na manhã do último dia 15, escreveu que aplicaria a lei e também criticou o slogan de uma mobilização iniciada pelo movimento em várias partes do País.
“Não vamos aceitar invasão em Campinas! Vamos aplicar a lei. E ainda tem a desculpa esfarrapada do MST: ‘Ocupar para o Brasil alimentar’. Quem alimenta o País não é o MST, é o SETOR AGRÍCOLA, que tem a agricultura mais desenvolvida do mundo”, publicou no X o Chefe do Executivo de Campinas.
Governador também rechaçou invasões do MST
No mesmo dia, Dário repostou uma matéria do jornal “O Globo” na qual o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) diz que também não permitiria invasões no território paulista. “Estamos juntos nessa”, comentou o prefeito de Campinas, filiado ao mesmo partido de Tarcísio.
Na reportagem, Tarcísio diz qual seria a reação do governo de São Paulo diante da onda de invasões pelo Brasil. As ações fazem parte do que o movimento chama de “abril vermelho”, que ocorre anualmente para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, que deixou 19 mortos em 1996.
Como foi a ação do grupo na fazenda de Campinas?
A fazenda foi ocupada por centenas de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na manhã de segunda-feira, em Campinas. O grupo chegou ao local por volta de 6h, mas deixou o espaço pouco antes do meio-dia, após a chegada de uma equipe de guardas municipais com capacetes e escudos. Não houve confusão e ninguém ficou ferido.
A reportagem da EPTV Campinas chegou no início da manhã à Estrada da Servidão, na região do Parque Shangrilá, de onde acompanhou a movimentação e presenciou o momento em que os manifestantes montaram as primeiras barracas em campo aberto. Por volta de 11h40, guardas entraram no terreno por outro acesso. Houve focos de incêndio e explosões foram ouvidas.
Por volta de 13h, as famílias iniciaram a retirada em ônibus e vans. Logo depois, membros do movimento se dirigiram para a Prefeitura em protesto. Com faixas e cartazes, o grupo foi recebido pelo vice-prefeito de Campinas, Wanderley de Almeida, e outros representantes do governo durante a tarde, para discutir a tentativa de ocupação em uma propriedade privada.
O que disse o movimento sobre a invasão em Campinas?
Na manhã da última segunda-feira, cerca de 200 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocuparam a Fazenda Mariana, em Campinas. No comunicado sobre a invasão, o movimento confirmou que a ação fez parte da Jornada Nacional de Lutas em memória ao Massacre de Eldorado do Carajás.
Leia o texto divulgado à imprensa logo após a chegada do grupo à fazenda:
“O lema deste ano, com ações em todo o Brasil, é ‘Ocupar para o Brasil alimentar’.
A área de aproximadamente 200 hectares é administrada por uma empresa do setor imobiliário. Improdutiva, está tomada por pastagem degradada e há anos não cumpre sua função social.
Em um documento enviado à prefeitura de Campinas em 2015, no âmbito da revisão do Plano Diretor, a empresa Zezito Empreendimentos Ltda autodeclarou a impossibilidade de viabilizar atividades produtivas no local.
‘O desenvolvimento das atividades rurais para se manter é inviável nessa localidade, o que atualmente e tão somente gera prejuízos e despesas de grande monta”, afirma a proprietária, ao solicitar uma alteração do uso no zoneamento da cidade para que seja considerada uma área de expansão urbana.
No mesmo documento, a proprietária diz almejar que a destinação da área seja para interesse social. O MST afirma que quer realizar, tão somente, o mesmo desejo. “Reivindicamos que o terreno seja destinado para fins de reforma agrária tornando-se, enfim, produtivo’.
Além de fazer a denúncia da quantidade de terras na região que, sem cumprir a função social, servem apenas à especulação imobiliária, a ocupação visa iniciar o reflorestamento da área e o plantio de alimentos saudáveis.
Além desta ação o Movimento segue organizando a luta em todas os estados do país, em denúncia da fome, da violência no campo, e por investimentos para a agricultura familiar”.
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