O corpo do menino de 8 anos, encontrado com sinais de tortura e espancamento, foi sepultado na manhã desta terça-feira (7) no Cemitério Municipal de Vinhedo. A família diz que já tinha realizado várias denúncias de violência contra a criança ao Conselho Tutelar da cidade, mas nada foi feito.
Gustavo Henrique Cardoso foi encontrado morto ontem (6) na casa onde morava com o pai, Pedro Vitor Joseph do Prado, e a madrasta, Camila Luiz Gomes da Silva, no Jardim Paineiras, em Vinhedo. Ambos têm 26 anos. O casal foi preso quando já tinha deixado o local.
Os dois passaram por audiência de custódia e a Justiça decidiu mantê-los presos preventivamente. Eles devem responder por homicídio triplamente qualificado e tortura. O pai já tem passagens pela polícia por outros crimes, em que ficou preso por cerca de quatro anos.
Conselho Tutelar sabia dos maus-tratos
Segundo a polícia, que investiga a morte de Gustavo, ele já vinha sendo torturado há algum tempo. A perícia feita no corpo do menino encontrou vários sinais de espancamento.
A família tinha conhecimento das agressões contra Gustavo e disse que havia pedido ajuda ao Conselho Tutelar, à Polícia Militar e à Guarda Municipal, mas nenhuma providência foi tomada.
“Foram mais de 7 ou 8 vezes que eu cheguei a denunciar [ao Conselho Tutelar], fora ligações no Disque Denúncia, na Guarda Municipal, na Polícia Militar (…) Eles falavam que eu tinha que ter provas para tirar o menino de lá, que sem provas não podia fazer nada. Eles foram negligentes do começo ao fim”, contou a tia de Gustavo, Suelen Fernanda Vital do Prado à EPTV Campinas. “Se eles tivessem feito alguma coisa, hoje o Gustavo poderia estar vivo”.
A mãe biológica de Gustavo abriu mão de criá-lo quando ele ainda era bebê, alegando problemas psiquiátricos. Então, o menino foi criado pelas tias. Há cerca de um ano e meio, quando o pai já tinha saído da prisão, a criança passou a viver com ele e a madrasta, mas o relacionamento “não era nada bom”, segundo relatos da família.
Familiares e amigos estiveram no local do sepultamento e muitos estavam revoltados com o desfecho trágico dessa história. “Se você visse o jeito que eu reconheci meu neto, todo deformado, caixão lacrado, não tem nem condições de abrir o caixão dele (…) Eu vou gritar e falar a favor do meu neto, isso não vai ficar assim”, relatou a avó Irma Cardoso.
O que diz o Conselho Tutelar?
O Conselho Tutelar de Vinhedo alega que recebeu apenas uma denúncia formal, feita de forma anônima, e que notificou o pai e a madrasta de Gustavo. O casal chegou a prestar esclarecimentos na época.
O órgão também falou que adotou medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. A família do menino foi encaminhada para atendimento de saúde mental, escuta da criança e direcionamento aos serviços de proteção da família. Porém, o pai foi notificado por não aderir aos serviços oferecidos.
Por fim, destacou que pediu um relatório da escola onde Gustavo estudava e não foi encontrado nenhum indício de maus-tratos ou negligência.
O Conselho alega que seguiu rigorosamente todos os protocolos e lamentou que não houve tempo suficiente para intervenções mais incisivas.
Órgão será investigado
Apesar dessa explicação, a própria Prefeitura de Vinhedo disse que a secretaria de Educação informou que Gustavo não estava frequentando a escola há mais de dois meses, fato que foi comunicado ao Conselho Tutelar no dia 22 de março, portanto, há um mês e meio.
Também afirmou que, até o início do ano, professores e coordenadores da escola não notaram nada de estranho na conduta do menino. Ainda disse que não há nenhum registro de denúncia na Guarda Municipal, apenas o que foi feito ontem (6), e que uma possível negligência do Conselho Tutelar da cidade está sendo investigada pela Polícia Civil.
A reportagem da EPTV perguntou à SSP (Secretaria de Segurança Pública) sobre as denúncias feitas pela família à Polícia Militar, mas não teve retorno até o momento de publicação desta matéria. O Ministério Público também não respondeu o contato.
Já o Tribunal de Justiça informou que processos envolvendo crianças e adolescentes tramitam em segredo de Justiça, por determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Casal nega as agressões
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Denise Florêncio Margarido, o pai de Gustavo manteve a mãe dele e a irmã em cárcere privado nesta segunda-feira (6), para que pudesse fugir antes da denúncia sobre as agressões ser feita. O casal nega que agrediu o menino e afirma que ele caiu e bateu a cabeça.
“Só que ele tem lesões na região do ouvido, na região da boca e nos olhos, todos roxos. O que originou a morte foi na região da cabeça, devido ao espancamento”, detalhou a delegada.
Familiares afirmam que a madrasta maltratava o enteado porque tinha ciúmes.
*Com informações de Rafael Castro/EPTV Campinas
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