A Receita Federal, com apoio da Polícia Civil, deflagrou nesta quinta-feira (9) a Operação “Metalmorfose”, com o objetivo de desmantelar um complexo esquema no setor de cobre. Uma das empresas investigadas, de Campinas, estaria envolvida no esquema que emitiu R$ 17 bilhões em notas fiscais fraudulentas, de 2018 a 2020, para sonegar impostos.
Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em dois endereços na metrópole, incluindo a Amphenol Broadband Solutions, indústria de cabos e fios elétricos localizada perto da Rodovia Campinas-Mogi Mirim.
Ao todo, essa operação cumpre 39 mandados de busca e apreensão, a maioria deles em empresas Santa Catarina e São Paulo, incluindo a capital e outras cidades do interior, como Espírito Santo do Pinhal, Indaiatuba e Sumaré.
Participam da ação a Sefaz-SP (Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo), a PGE (Procuradoria Geral do Estado) do estado de São Paulo e o Ministério Público de São Paulo e de Santa Catarina.
Como funcionava o esquema no setor de cobre
O complexo esquema de sonegação no setor de cobre funcionava da seguinte maneira:
- Empresas reais simulavam a venda de produtos com preços abaixo do valor de mercado para empresas fantasmas e, assim, elas pagavam menos impostos sobre esses produtos. Em seguida, as empresas fantasmas simulavam a venda por valores mais altos para os clientes do esquema.
- Enquanto isso, os produtos “de verdade” iam direto da empresa fornecedora para os clientes. O problema é que o pagamento era feito às empresas fantasmas, que acabavam lucrando sem precisar recolher impostos.
- Essas empresas clientes também usavam notas fiscais frias de despesas que nem sequer existiam. Com isso, o custo de produção da empresa pareceria maior, e o lucro menor, assim conseguindo pagar menos em tributos como o Imposto de Renda, por exemplo.
O que já se sabe
Por trás do esquema, a Receita Federal identificou um operador principal, morador da capital paulista, além de contadores envolvidos para abrir e manter empresas fantasmas. Esse operador é dono de várias empresas fantasmas, que também são chamadas de “noteiras”, por emitirem as notas fiscais fraudulentas.
Na operação de hoje foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos que podem, inclusive, apontar se houve outras fraudes depois de 2020, já que as investigações continuam. Um empresário ainda foi preso em flagrante porque tinha uma arma irregular.
A Receita Federal também informou que há uma suspeita de que empresas ligadas ao esquema podem ter relação com roubos de fios de cobre, que são muito comuns na região de Campinas.
“A gente também tem fortes indícios de que não há origem no cobre adquirido no território nacional, de maneira que há indicativos de que pode haver outra atividade não lícita por trás desse cobre que não foi importado”, disse a superintendente da Receita Federal durante coletiva de imprensa.
O que diz a empresa de Campinas?
Em nota enviada ao acidade on Campinas, a Amphenol Broadband Solutions se posicionou diante das investigações, dizendo que repudia todas as acusações que lhe são atribuídas. Confira a nota:
“A Amphenol repudia todas as acusações que lhe são atribuídas e no curso do processo provará a não participação nos fatos divulgados”.
*Com informações da Bianca Rosa/EPTV Campinas
**Matéria atualizada às 17h16 do dia 09/05/2024 para inclusão da nota da Amphenol Broadband Solutions
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