O leilão do Cerecamp (Centro Esportivo e Recreativo de Campinas “Dr. Horácio Antônio da Costa”), conhecido como Estádio da Mogiana, realizado nesta terça-feira (8), terminou sem interessados. O pregão, que tinha lance mínimo estipulado em R$ 28,6 milhões, ocorreu pela manhã de forma online no site da Sodré Santoro e não recebeu nenhuma proposta. Até o momento, não há previsão para um novo leilão.
Tombado como patrimônio público, o imóvel de 26,5 mil m², localizado no Jardim Guanabara, pertence ao governo do Estado de São Paulo, mas está sendo colocado à venda por ser considerado “ocioso e vago”.
Por ser tombado em duas instâncias, no Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Cultural de Campinas) e pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), o futuro comprador terá restrições para reestruturar o local. O campo de futebol e as duas arquibancadas, que são revestidos de trilhos de trem da antiga empresa férrea, precisam ser preservados.
Inaugurado em 1940, o local entrou para a história ao receber o primeiro dérbi noturno entre Guarani e Ponte Preta, sendo, na época, o único estádio da cidade com torres de iluminação. Além disso, sediou edições importantes dos Jogos Abertos do Interior – saiba mais abaixo.
Estádio da Mogiana
O Estádio da Mogiana foi construído originalmente para servir como espaço de recreação para os funcionários da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e já figurou entre os principais estádios do país. Entretanto, desde 2009, a arquibancada com capacidade para mais de quatro mil pessoas, estão desativadas. Mesmo após a interdição, ainda houve partidas sem a presença de público, com o último jogo realizado em 12 de janeiro de 2011, quando o Red Bull Brasil venceu o Athletico-PR por 3 a 1, pela Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Em 2023, o Estádio da Mogiana foi interditado pelo governo do estado por conta das más condições. O local conta com um campo de futebol com arquibancadas com capacidade para cinco mil pessoas, além de uma quadra poliesportiva, uma pista de atletismo e um mini campo de futebol de areia.
Estádio histórico
O Estádio da Mogiana, em abril de 1948, foi palco de um clássico que marcou época em Campinas, quando Guarani e Ponte Preta se enfrentaram pela primeira vez à noite. Na ocasião, o Bugre venceu por 5 a 2.
Entre 1941 e 1950, o estádio foi cenário de dez dérbis entre as equipes campineiras, com cinco vitórias para a Macaca e cinco para o Bugre.
É importante lembrar que o Moisés Lucarelli só foi inaugurado em setembro de 1948 e o Brinco de Ouro somente em 1953.
Além dos clássicos locais, o estádio também recebeu amistosos históricos de clubes como Corinthians e Fluminense. Em certo momento, chegou a ser recomendado para a CBD (atual CBF) como uma possível sede para a Copa do Mundo de 1950 ou para servir como local de treinamento para a seleção brasileira.
Por que Estádio da Mogiana vai a leilão?
Em nota enviada ao acidade on, a SGGD (Secretaria de Gestão e Governo Digital), explicou que o Estádio da Mogiana se encontra “ocioso e vago” e, por conta disto, a CPE (Coordenadoria de Patrimônio do Estado), órgão vinculado à Pasta, decidiu levá-lo a leilão.
Ainda de acordo com a SGGD, a iniciativa vem em consonância com o decreto nº 68.538/2024, que institui o Plano São Paulo na Direção Certa e define as diretrizes e ações a serem implementadas para modernização da Administração Pública estadual. Um dos eixos deste Plano é a expansão do investimento através da alienação onerosa, que envolve a transferência voluntária de direitos de um imóvel público para um terceiro.
“Com os recursos advindos da negociação, o Governo de SP irá otimizar os recursos públicos e promover o desenvolvimento urbano, econômico e de políticas públicas na região”, diz a nota.
O acidade on questionou a secretaria de Esportes do Estado se houve tentativas de resolver a situação da área desocupada, mas a Pasta retornou dizendo apenas que “tem buscado alternativas para fomentar a prática desportiva na região”.
O que diz a Prefeitura de Campinas
Em nota, a Prefeitura de Campinas afirmou que o leilão do Estádio da Mogiana integra o conjunto de ações dentro de um termo de cooperação técnica para requalificação da área central, firmado entre a Prefeitura, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), CDHU (Companhia de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado de São Paulo) e Agemcamp (Agência Metropolitana de Campinas).
A expectativa da Administração é que o leilão “possibilite a recuperação desse importante patrimônio histórico e esportivo da cidade”.
Ainda de acordo com a Prefeitura, o governo do Estado pode vender o imóvel, já que o tombamento não retira o direito de propriedade, e sim estabelece limitações ao direito de uso da propriedade. Nesse sentido, independentemente se a propriedade for pública ou privada, qualquer intervenção no bem deve obedecer às restrições impostas pelo tombamento.
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